7. Fonte

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...

O dia parecia preguiçoso, a chuva tinha parado em algum momento da madrugada, mas as nuvens ainda estavam lá, como se ameaçasse as criaturas que se arriscavam a sair de suas residências.

Um vento forte soprava o ar gelado, o rio que passava pelo reino estava agitado, mais cheio, pela grossa chuva anterior.

Layla finalmente tinha pego no sono enquanto Hektor, lá em baixo, acordava aos poucos.

Se espreguiçou jogando os fios negros para trás de suas orelhas pontudas e sua calda esticou também, espantando o leve sono que ficava.

Colocou-se em pé e suas assas se esticaram em metros junto de seus braços que foram para cima da cabeça.

- Ah, quantos anos eu não dormia. - diz em um leve sorriso disposto -

Seus olhos negros miraram a janela com as gotinhas escorrendo pelo vidro e a grama lá fora úmida.

Hora de algumas perguntas.

E não eram para Layla.

...

Hektor andava majestosamente com seu grande porte físico bem definido pelos corredores escuros do castelo.

Descendo os andares pelas escadas mesmo.

Não tinha presa. Layla não seria vista até que a mesma viesse em busca do demônio. Ele não queria ser inconveniente e muito menos ouvir palavras ácidas da morena.

Passou pelos diversos quartos vazios e empoeirados nos corredores suspirando.

Esse castelo, mesmo com duas criaturas, estava mais cheio dos que ja esteve em décadas.

Guerras e maldições, invejas e golpes.

Hektor não queria mais nada disso, por isso ficava a maior parte do tempo isolado, até mesmo de seu povo.

Mas nunca iria hesitar protegê-los caso fosse preciso, e ele estava ali para isso, querendo ou não.

...

Chegou no último andar do castelo, no subterrâneo, no corredor mais gelado e vazio.

Olhou a porta de ferro trancada e puxou a chave escondida em uma das pedras que ficava uns andares a cima.

Abriu devagar e adentrou, andando com calma até a fonte azulada em sua frente.

A água brilhava e parecia dançar, mesmo sem vento ou correnteza.

Hektor encostou a porta e tirou a sua única peça de roupa, um tipo de tanga que cobria sua parte íntima até o meio de suas coxas.

Feita de pele, uma caçada que ele mesmo fez a um tempo, limpou e costurou para si.

Desfez o nó que ficava ao lado direito de sua cintura e deixou o pedaço de couro no chão mesmo, caminhando até a fonte.

Subiu as escadas e fechou os olhos antes de entrar.

- Magicas aquas opto dubitationes petere ad maiorem sapientiam. - diz em um sussurro encostando a ponta dos dedos de um mão nas águas -

(Águas mágicas, desejo perguntar minhas dúvidas a uma sabedoria maior.)

As águas logo o responde elevando seu brilho para um mais forte que envolve os dedos até o braço de Hektor subindo em pequenos caminhos que cobriam suas veias.

Como se desse permissão que o demônio fizesse suas perguntas.

O grande corpo desce as escadas que estavam dentro da água e submerge por inteiro.

Ao subir seus olhos estavam azuis e seus chifres com leves brilhos se mexendo pela extensão.

Uma imagem surge nas águas, na frente de Hektor, ele com Layla no colo, lá na floresta, como se ela perguntasse se suas dúvidas eram sobre a menina.

- Sim, quero saber se ela faz parte. - diz sentindo um relaxamento que a água trazia ao seu corpo -

O líquido se remexe e as imagens ficam turvas antes de mostra uma imagem nova.

Os cabelos de Layla estavam mais claros, o castanho escuro que estavam na menina tinha mudado. Seu rosto estava cansado mas ela sorria para alguém.

Suas roupas eram outras, típicas do reino de Hektor.

Seu rosto era cansado, mais magro, mas sua mão se estende e a de Hektor aparece na visão puxando a da menina para si e os dois se abraçam calorosamente.

Os olhos de Hektor brilharam ao ver a cena.

Sua calda abaixo da água se remexe. Um sinal de alegria genuína.

A mão dele na visão leva os cabelos de Layla para trás da orelha e ele da um leve selar na testa da menor.

O cenário atrás deles era de um campo florido, que Hektor desconhecia, nunca tinha visto mas que completava a bela mulher que estava a sua frente.

Hektor sentiu seu peito aquecer e deixou sua mão encostar na imagem que acabou se dissipando.

- Não... - falou em um desespero - Isso... vai ser real? - perguntou -

As águas formam um leve redemoinho e para.

O demônio sorrio levemente e um esguicho da água foi em seu rosto como se zombasse o grande demônio estar daquele jeito por uma pequena mulher.

Ele ri e mergulha novamente na água nadando pela fonte por um tempo.

Talvez ela fizesse parte da profecia que estava escrita a muitos e muito milênios.

Ao mesmo tempo que Hektor ficava feliz por ser o escolhido, temia os desafios que viriam com isso.

...


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