A Arena

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— Lembre-se do que você prometeu — Isaac diz para Ryan, apesar de sentir que ambos não estão na mesma página, ele espera que seu melhor amigo cumpra com o combinado. É Jeremy quem deve ser a sua prioridade, não ele. Se Ryan for um bom amigo, vai respeitar a sua decisão.

— Você tem doze segundos — Ryan explica, ignorando a sua prece. Ele segura o rosto de Isaac entre as duas mãos e o puxa para perto. Isaac consegue sentir a respiração de Ryan. — Quando você chegar lá, terá apenas doze segundos antes dos jogos começarem. Fique longe da Cornucópia, está bem? Encontre seus aliados depois. Primeiro, fuja.

Isaac assente rapidamente, tão afobado e ansioso que ele sequer pergunta sobre Jeremy novamente. Não, ele não consegue pôr seus pensamentos em ordem. Está tudo manchado em seu cérebro. Ryan tinha razão quando disse que na manhã dos Jogos Vorazes ele sequer conseguiria pensar claramente, quem dirá pôr uma migalha de pão na boca.

— Boa sorte, querido — Diz Savannah, ela está ali também. Quando Isaac se desfaz do aperto de Ryan, ela vem ao seu encontro para abraçá-lo. Depois, ela se aproxima para dar um beijo bem na boca dele. Isaac sabe que ela é lésbica, então ele não entende nenhum pouco isso. — Na Capital, é comum que a gente faça isso com pessoas que admiramos. Eu admiro muito você, Isaac, por todo o seu sacrifício.

A palavra sacrifício faz Ryan desviar os olhos.

— Eu admiro você também, Sav. Obrigado. — Isaac responde, realmente tocado pela declaração. Ele não sabia que podia se apegar tanto a alguém em tão pouco tempo.

— Chegou a hora — Um dos pacificadores, com seu chapeuzinho e uniforme branco, avisa. Ele nem mesmo precisaria ter dito nada, na verdade, pois no mesmo instante ele e outros dois dos seus estão empurrando Isaac para dentro de um elevador minúsculo, redondo e transparente. Como se Isaac precisasse de três caras para segurá-lo.

— Eu– Me desculpa, Ryan. — Isaac diz, a última coisa que ele consegue vocalizar antes das portas serem fechadas e seus gritos abafados. São gritos sem propósito algum, apenas desespero puro, que é a única coisa que ele consegue racionalizar no momento.

O elevador sobe. Não deve durar nem mesmo um minuto para chegar ao seu destino, mas para Isaac soa como se fossem horas. Quando o elevador enfim para no topo, não tendo mais para onde ir, as portas se abrem e o elevador desaparece, deixando Isaac em um chão feito de barro e grama. Anteriormente, ele pisava em uma cerâmica da Capital, e agora...

Parece uma floresta, Isaac nota.

Ninguém sabia para onde eles seriam enviados. No ano anterior, os tributos foram enviados para o meio do deserto. Desta vez, é um clima mais úmido, com árvores altas e até então nenhuma fonte visível de água. Isaac precisa se lembrar de que a sua prioridade, depois de se juntar com Jeremy, é encontrar um lago.

Onze. O tempo passa a ser contabilizado. Isaac move os seus olhos para todos os lados, tentando não movimentar o seu corpo. Não, se mover ainda não está permitido. Quem quer que faça isso, morre na hora. Todos precisam esperar o tempo acabar, somente assim evitam-se as trapaças.

Nove. Isaac encontra Romeo, lado a lado com Ginny, mas longe demais de Isaac. Jeremy também está longe, entre Inosuke, do distrito 2, e Hailey, do distrito 1. Isaac solta um suspiro com a imagem de que Jeremy está dentre dois dos mais fatais.

Sete. Um canhão soa, sinalizando que alguém já morreu. Um garoto do distrito 6, que Isaac não conhecia e sequer consegue visualizá-lo agora. Seu corpo fora explodido tão rápido que agora já está escondido atrás da plataforma que antes o suportava. Ele se moveu com antecipação e acabou morrendo por isso também.

the hunger gamesOnde histórias criam vida. Descubra agora