Pneu furado

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Três anos depois

Lena's Pov

Eu suspirei pela milésima vez dentro do carro, estávamos indo para a Fazenda do primo de Kara, segundo ela, precisávamos de um final de semana longe da loucura que nos últimos meses que nossas vidas haviam se tornado, meu querido irmão da cadeia conseguiu encher o saco o suficiente para L-Corp passar por uma auditoria que estava arrancando-me os cabelos.

Desde quando um idiota preso por corrupção pode pedir provas pra saber se a empresa da família estava sendo bem dirigida?

- Tudo bem ai? -Minha namorada perguntou.

- Sim e se você me perguntar isso de novo nas próximas 2 horas eu vou ter que agredir -Eu disse e a loira se calou, dês do momento em que havíamos entrado no carro a loira perguntava se eu estava confortável ou se queria parar em algum lugar para comer. Nós estávamos na metade do caminho quando ouvimos um barulho estranho e o carro balançou.

- Merda! O pneu! -Kara resmungou parando o carro no acostamento.

- Mais essa agora! -Eu disse revirando os olhos.

- Você está com raiva? -A loira perguntou e eu ri com ironias.

- Sim Kara! Eu estou com raiva! Eu tive a porra de um dia de merda, você enfiou na cabeça que queria vir pra esse fim do mundo num dia que o céu está desabando, eu estou com dor de cabeça, cansada e a porra do pneu furou! É, eu estou com muita raiva! - Eu gritei frustrada.

- Kólasin tis zoís! (Inferno de vida) -A loira resmungou desligando o carro e saindo -Fica ai!- Ela disse e bateu à porta do carro com tanta força que o automóvel balançou.

Encostei a cabeça no vidro e fechei os olhos sentindo meus batimentos cardíacos em minha têmpora, eu estava começando a sentir frio e fui aumentar o aquecedor quando vi um borrão azul por minha visão periférica, olhei curiosa até me dar conta que era uma caixinha de veludo.

Fechei os olhos sentindo um murro na cara e peguei a caixinha em minhas mãos, eu não precisava ser um gênio pra saber o que havia ali. Nossa relação estava estável nos últimos três anos, tínhamos nossos desentendimentos como qualquer casal, mas nunca brincávamos feio, sempre tentávamos resolver as coisas com diálogos e sem alterar o tom de voz.

A auditoria na L-Corp estava me fazendo surtar nos últimos dois meses, estressei todos a minha volta com meu mau humor e principalmente minha namorada, que também estava super estressadas com problemas na faculdade, Kara andava extremamente calada e com respostas curtas, passava tanto tempo treinando e dormindo em seu tempo livre que eu quase não via a loira, e todas as vezes que ela tentava se aproximar eu vinha com desculpas esfarrapada e marcava pra o dia seguinte, coisa que quase nunca acontecia.

Eu aceitei passar o final de semana longe de tudo para me concentrar no que realmente me importava, mas eu estava afogada em tanta coisa que não havia notado a merda que estava fazendo Grande namorada Luthor!

Abri a caixinha me deparando com duas alianças discreta e idênticas, tirando somente o detalhe das pedras, a pedra de uma era turmalina e a outra esmeralda, sem diamantes. 

Fechei a caixinha e pulei pra fora do carro sentindo o peso de meu descaso me socar o estomago, a chuva pesada estava gelada como a morte, mas estava pouco me fodendo pra ela naquele momento. Encontrei Kara ajoelhada de costas para mim lutando contra o pneu do carro.

- Kara -Chamei e ela não pareceu ouvir -KARA!

- VOLTA PRO CARRO LUTHOR! - Ela respondeu sem virar em minha direção.

- KARA OLHA PRA MIM! - Eu disse parando ao seu lado, a loira fungou e tirou a água do rosto.

- VOLTA PRO CARRO LENA! - Ela ordenou outra vez.

- NÃO! - Respondi, a loira se levantou e eu reparei que não era apenas a água da chuva que estava molhando seu rosto, também havia lágrimas.

- ENTRA NA PORRA DO CARRO LENA! Você vai ficar ensopada, mais irritada e provavelmente gripada! E ai você vai achar mais um motivo pra me culpar como se eu realmente estivesse planejando que a porra do pneu furasse, ou que você estivesse com dor de cabeça e não me falasse, OU QUE ZEUS TIVESSE MANDADO A PORRA DE UM DILÚVIO! - A loira virou dando um soco no que está se fosse a fina chapa de aço do meu Mercedes ele teria amassado com certeza.

-ME ESCUTA ! - Eu disse sorrindo, nós estávamos discutindo no meio da chuva feito duas eu idiotas e eu era a pior porque estava começando a achar graça daquilo. Era uma boa história para os filhos.

- O que Lena! O que! - Ela disse esfregando a mão no rosto.

- Sim! - Eu disse sorrindo.

- Que? - Minha namorada me olhou sem entender e eu me aproximei apertando a caixinha com força entre os dedos quando estava a distância de um palmo eu parei abrindo minha mão entre nos duas, a loira arregalou os olhos e bateu a mão no bolso da jaqueta.

- Droga! Eu não dou uma dentro- Ela murmurou me olhando e eu ri feito criança pulando em cima dela.

Tirei os fios loiros que estavam grudados em seu rosto, suas mãos molhadas pousaram em minhas costas e eu tremi, meus olhos se perderam nas gotas de água nos lábios de Kara. Eu sorri, me lembrando de quando desejei beijar minha namorada a anos atrás na cachoeira na casa de seu primo.

Tomei os lábios da loira entre os meus, sentindo o gosto da chuva em sua boca. Sorri ainda mais, a profundando o beijo e enroscando meus dedos nos cabelos loiros da mulher que iria passar o resto da vida comigo.

- Será que dá agora pra você entrar na porcaria do carro enquanto eu termino de instalar o pneu? - A loira perguntou afastando ligeiramente, eu não conseguia ver seu olhos, mas seu tom de voz era baixo o suficiente para eu saber que os olhos azuis de Kara estavam mais escuros, por causa do nosso beijo.

Eu assenti, soltando do corpo da historiadora e entrando no carro, a essa altura eu já estava ensopada, um pingo a mais não iria mudar muita coisa, mas não estava afim de irritar mais minha namorada do que eu havia feito.

O saldo dessa viagem foi: um resfriado chato pra mim e uma gripe forte para a historiadora que ficou dois dias de cama, os bancos do carro ensopados e uma Kara muito irritada. 

Ela não estava planejando me pedir em casamento naquele final de semana, mas havia passado a joalheria para pegar as alianças e esqueceu a caixinha no bolso da jaqueta em meio a correria do dia. Eu não estava ligando muito para esse pequeno fato e após aquele final de semana nós começamos a planejar nosso casamento.

My secret (supercorp) EM RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora