10 | A Derrota

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Em um daqueles dias sombrios e frios que pareciam prenunciar mais uma peleja na minha vida, despertei subitamente, já atrasada para a escola. Saltei da cama num sobressalto e, em meio ao caos do despertar tardio, vesti meu uniforme às pressas. A corrida até a cozinha foi uma extensão desse frenesi matinal, onde encontro Tomoe de costas, cozinhando alguma coisa.

— ARGH! DORMI DEMAIS! QUE MERDA, TOMOE! POR QUE VOCÊ NÃO ME ACORDOU?! — minha voz ressoou com frustração enquanto enfrentava Tomoe, cuja calma contrastava com minha agitação.

— Finalmente você se levantou... Para o café da manhã, preparei tofu com gergelim, amido de cana e orvalhos. Especialidade de Tomoe.

— NÃO TENHO TEMPO PARA COMER! — minha urgência ecoou enquanto tentava correr, mas ele segurou a gola da minha camisa com firmeza por trás, impedindo-me de avançar.

— Espere, peste. Você está esquecendo seu almoço e sua faixa. — ele insistiu, sua voz firme expressando preocupação.

— Não preciso disso... — protestei, fazendo bico, mas logo fui interrompida por sua ordem.

— COLOQUE! — ele me chacoalhou, tentando me forçar a ceder.

— EU NÃO ESTOU INDO PARA LUTAR, ESTOU INDO PARA ESTUDAR NA ESCOLA! — retruquei, irritada com sua insistência.

— Tsc. Hoje teremos uma visita, então não poderei sair daqui. Você me preocupa... porque você é... fraca só de olhar.

Enquanto eu revirava os olhos, frustrada com a superproteção de Tomoe, uma mistura de emoções contraditórias se agitava dentro de mim. Por um lado, eu queria expressar minha independência e autonomia, mas, por outro, sabia que as preocupações dele vinham de um lugar de cuidado genuíno. Mesmo assim, decidi ignorá-lo, embora com um leve peso na consciência.

O Tomoe precisa entender que eu sei me cuidar.

Ao sair apressada de casa, pude sentir o peso das nuvens escuras pairando sobre mim. O céu, carregado e sombrio, dava indícios de que a chuva seria intensa, talvez mais do que o comum.

— Ah... Parece que vai chover de novo. Essa tempestade parece um pouco... suspeita... — murmurei para mim mesma, tentando ignorar a sensação inquietante que a atmosfera carregada transmitia.

Apesar da inquietação, decidi deixar de lado minhas preocupações e seguir em frente em direção à escola. Afinal, não havia nada concreto para justificar meu pressentimento, e eu não podia me dar ao luxo de me atrasar mais para as aulas. Ainda assim, uma sensação de apreensão pairava sobre mim, como se algo além da chuva estivesse prestes a desabar.




Enquanto me acomodava em minha carteira, não pude evitar ouvir as fofocas das garotas que estavam no fundo da sala.

— Ouvi dizer que o Kurama não veio hoje porque ele está doente... — disse uma das garotas.

— Ehhh... Que pena. — resmungou outra.

Kurama, faltando? Isso é meio incomum.

Desviando minha atenção das conversas das garotas, fui surpreendida quando minha bolsa começou a se mexer misteriosamente por dentro. Um calafrio percorreu minha espinha enquanto eu me perguntava o que poderia ser. Um bicho pode ter acabado entrando na minha bolsa sem eu perceber, talvez? 

Cogitei se deveria jogar a bolsa pela janela, mas então ela se abriu, Kotetsu e Onikiri saltando de dentro dela.

— Huh?! Onikiri, Kotetsu?! — sussurrei, assustada e surpresa — Por que vocês estavam dentro da minha bolsa?

Always Will Be You - Tomoe x Leitora [Kamisama Kiss]Onde histórias criam vida. Descubra agora