5 | O Tengu e a Raposa

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Quando estou prestes a virar a esquina do banheiro, a voz de Kurama soa ao meu lado, que agora é desagradável para mim. Eu encaro Kurama parado bem na porta do banheiro feminino, me observando.

— Por que estava chorando no banheiro, minha querida? Lamento aquilo há pouco — diz ele, com um olhar de pena.

Que audacioso! O que diabos ele está fazendo aqui?

— Ugh, por que não vai importunar outra pessoa, hein? E eu não estava chorando! — digo, passando por ele com a mentira clara em minha voz.

— Peço desculpas, eu estava só um pouco irritado.

Por mais que eu queira ir embora dali, meu corpo para bruscamente contra a minha vontade para ouvi-lo.

— Todos os dias, as pessoas na escola me olham como se fosse uma raridade. Lamento ter-lhe tratado daquela forma. Não deixe que isso te afete, eu não a odeio — completou.

— Se esse é o caso, então eu mereço isso — olho para ele por cima do ombro — Já pensei e agi como todos os outros. Mas não se preocupe, não pretendo voltar a olhar em seu rosto. Então, adeus.

— Ei! — Kurama me chama, mas eu ignoro.

Eu finalmente consigo sair dali, deixando-o para trás. Sinto seu olhar em minhas costas até eu desaparecer do corredor, indo direto à minha sala de aula. Fico sentada em minha carteira, com a cabeça enterrada em meus braços em cima da mesa.

Eu não sabia que ele era assim. Me sinto uma completa idiota por ter vindo até aqui para vê-lo, ainda mais com esse maldito lenço na cabeça.

— S/n! — a voz de Nanami me faz erguer a cabeça.

— Ah, oi, Nanami — digo, sem ânimo.

— Você finalmente voltou para a escola, hein? Estou feliz~ Aliás, como anda o... — ela diminui o tom de voz — Lance de Divindade da Terra?

— B-Bem... É meio puxado, mas está tudo indo bem.

— Que bom. Mas que troço é esse que você está usando na cabeça? Até que é fofo — ela cutuca meu lenço.

— Tomoe me mandou usar essa porcaria pra esconder a marca de Divindade — reviro os olhos — Ele disse que atrairia inimigos.

— Entendi, entendi. Uma última pergunta... Por que você está com essa cara? Estava chorando?

— Hmm, não. Não foi nada...

Nanami me fita, nem um pouco convencida.

— Eu não consigo esconder nada de você, não é?

— Exatamente. Desembucha! Quem te fez chorar?

— O principal foi o... Kurama. Ele apenas me tratou mal. Por mais que ele tenha vindo me pedir desculpas quando eu estava saindo do banheiro, eu não esperava que Kurama poderia agir daquele jeito. Eu vim assim que soube que ele estaria estudando aqui, mas ele não era o que eu esperava. 

— Não acredito! Logo o Kurama? Como ele pôde?! Isso é inaceitável! Mexeu com você, mexeu comigo! Meus sentimentos por ele também acabaram de sumir. Só porque ele é uma celebridade, ele acha que pode tratar os outros como bem entende?!

— C-Calma! Eu não queria que voc- — eu me interrompi ao ver o professor entrando na sala. Nanami também percebe, e logo se senta em sua carteira.

[ . . . ]

No quinto horário, os alunos saem para almoçar enquanto outros ficam para comer na sala.

— E aí, lencinho! O que você trouxe para o almoço? — Isobe se aproxima, me provocando.

Always Will Be You - Tomoe x Leitora [Kamisama Kiss]Onde histórias criam vida. Descubra agora