9 | A Compreensão

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Minhas pernas parecem pesadas, exaustas de tanto caminhar. Cada passo é uma batalha contra a dor que se espalha pelo meu corpo. Continuo seguindo pelo caminho que se estende pela escuridão, isolada em um silêncio que ecoa ao meu redor. A única companhia é o som alto da minha respiração.

Não faço ideia de quanto tempo se passou. As horas parecem se perder na escuridão que me envolve. A incerteza se torna minha única certeza neste lugar que parece não ter fim.

Em um descuido, tropeço em uma pedra, levando-me a cair e ralar o joelho. Uma pontada de dor surge, mas me forço a levantar, ignorando o desconforto. Cambaleio, mas continuo prosseguindo.

A frustração cresce junto com a dor. Me pergunto por que essas coisas sempre acontecem comigo. No entanto, ergo a cabeça, determinada a não desistir. Não posso permitir que este lugar sombrio me vença.

Estou à beira do meu limite, mas recuso-me a sucumbir à desistência agora. Morrer em um lugar como este não é uma opção.

Uma faísca de esperança cintilou em meu peito quando avistei a luminosidade distante. A dor latejante no joelho parecia irrelevante naquele momento. Ofegante, percorri o caminho rumo à luz que se aproximava.

À medida que me aproximava, identifiquei Mizuki segurando uma lanterna, próximo ao portão torii do templo.

— Bem-vinda novamente, S/n.

Minhas pernas vacilaram, e caí sentindo um misto de cansaço e frustração. A incredulidade estampava meu rosto, as lágrimas prontas para romperem.

— Como...Como vocês...? Por quê...? — minha voz ecoou entre soluços enquanto o encarava, sentindo um nó apertar minha garganta.

Mizuki permaneceu impassível, um sorriso de autoconfiança nos lábios.

— Eu avisei que seria inútil tentar escapar. Se ainda duvida, que tal tentar mais uma vez? — disse com a voz calma, mas carregando uma ousadia desafiadora.

Eu me senti pequena diante de sua segurança, meu coração batendo descompassado. A sensação de derrota era esmagadora.

Mizuki observa meu joelho machucado e, preocupado, seu sorriso desaparece.

— Você caiu? Sua perna está machucada — sua voz é urgente enquanto ele se aproxima e segura delicadamente meu joelho, examinando o machucado — Está sangrando! Precisamos cuidar disso.

Sinto-me tensa quando o lenço dele toca minha pele ferida, e logo um curativo é colocado. O cuidado dele me faz lembrar das palavras de Tomoe.

"Não vou deixar que ninguém encoste um dedo em você."

Mordo meu lábio inferior, contendo as lágrimas.

Tomoe, seu mentiroso...

Uma onda de emoções conflitantes toma conta de mim. A dor física parece insignificante comparada à dor emocional. Meus olhos ardem, as lágrimas à beira de transbordar.

Estou exausta. Eu não consigo utilizar meus poderes para escapar. Sinto-me inútil como Divindade da Terra. Eu sou uma vergonha e patética. Que idiota...

Tudo ao meu redor parece desmoronar, e uma sensação de desamparo me domina. A fraqueza e a frustração me consomem, e a vontade de chorar se mistura com a vontade de gritar e desabar por completo.

Mizuki percebe meus olhos trêmulos, à beira de derramar lágrimas.

— Ih! N-Não precisa chorar! Tudo o que precisa fazer é viver aqui a partir de agora. Yonomori-san também já te perdoou. Eu vou te tratar muito melhor do que o Tomoe. Eu prometo — ele  pega a minha mão e beija a ponta dos meus dedos delicadamente.

Always Will Be You - Tomoe x Leitora [Kamisama Kiss]Onde histórias criam vida. Descubra agora