Capítulo.O4

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Dias depois...

- Alô? - A voz masculina soa familiar. - Doutora Anyssa?

- Olá, como conseguiu meu número pessoal? - Pergunto com desconfiança.

- Sou eu, Chase... Será que pode me ajudar? - O tom de voz é sério.

- Com o quê?

- Meu gatinho tem uma ferida, eu não sei como cuidar disso. Quero que ele fique bem! - Chase explica.

Eu estou de férias!
Mas... Ele é um amigo e só quer que seu gatinho fique bem...

- Okay... - Digo derrotada. - Manda a localização que eu vou aí

São exatamente duas horas da tarde, eu não planejei nada para hoje, mas não pretendo tomar muito tempo.
Eu pego as coisas necessárias e dirijo até o lugar da localização.

Chase estava regando algumas plantas no jardim e corre assim que chego, para me receber. Com uma camiseta larga, calção e rider, bem casual.
Mas estranhamente já consigo me sentir tensa.

Acho que ele é muito dedicado na academia, até suas pernas são tão fortes. Como eu não notei isso no domingo?
Só de pensar naquela minhas bochechas ardem e eu enterro o rosto em seu ombro quando ele me cumprimenta com um abraço.

- Oi, que bom que veio, obrigada! - Ele diz sorridente. - Entre por favor!

Eu olho o pátio antes de segui-lo. A grama bem aparada, arbustos e flores, tudo tão harmônico.
E então eu entro, olhando em volta, já é bem aconchegante, organizado e arejado.

Sigo ele até a sala onde deixou o gatinho dormindo no sofá.
Chase ajoelha para me mostrar o que há de errado.

- Quando cheguei ontem, percebi que ele tinha ficado pra fora e voltou com um grande machucado na lateral. - Ele aponta sem encostar.

- Deve ter se metido em alguma briga, ou alguém machucou ele. - Digo pensativa. - Okay, será que pode pegar ele com cuidado e colocar em uma superfície limpa, plana e com claridade?

Ele faz com cuidado levando o gatinho pela cozinha até sair por uma porta de vidro que dava ao pátio de trás.
Ele o deixa em cima de uma mesa e se afasta cruzando os braços.

- Pode ficar por perto! Tenta fazer ele se sentir seguro! Isso deve doer um pouco. - Eu sento na cadeira colocando a luva.

Chase também se aproxima e senta ao meu lado, segurando a patinha do gato.

- Certo. Vamos limpar com gaze e soro fisiológico, passar essa pomada. Que agora é sua, caso precise! - Digo o entregando e pegando o colar elisabetano. - Eu vou colocar isso pra evitar que ele dê lambidas. Então vai cicatrizar rápido!

- Mais uma vez, obrigada! - Chase agradece aliviado. - Por favor, fica pro café!

É só um café, então tudo bem...
Ele leva o gatinho para o sofá de novo e eu espero na cozinha.
Sento no banco do passa pratos de mármore, enquanto ele passa o café do outro lado. E coloca as coisas aos poucos sobre àquela superfície.

Eu olho para a rua de onde vinha aquela claridade agradável.
Aqui na verdade é um lugar incrível!

- Chase, você tá morando de aluguel aqui?

- Não, a casa é minha! - Diz naturalmente, sentando ao meu lado.

- Como sua? - Pergunto cética. - Você está aqui a quanto tempo?

- Fazem dois meses que cheguei. Mas eu trouxe comigo uma grande economia, e como esse lugar era de um parente foi fácil comprar! - Continua a responder com tranquilidade.

- Caramba, isso é incrível! Esse lugar é ótimo. - Digo orgulhosa pegando minha xícara. -

- É sim... Mas enfim, faz bastante tempo desde que conversamos. - Ele muda o tom de voz, junto ao rumo da conversa. - Como você esteve nesses últimos... Sete anos?

- Bom, logo depois de acabar o ensino médio, eu entrei na faculdade. Durou cinco anos. E ao longo desses cinco anos eu conheci pessoas novas e me afastei de outras. - Eu solto um breve suspiro. - Com vinte e três anos, eu comecei a namorar um cara, mas... Não levou muito tempo até as coisas começarem a dar errado. Foi na época do meu TCC então, foi bem difícil pra mim. No ano seguinte meu pai ficou doente e sabe aquela fase da vida em que tudo começa a dar errado de uma vez? É, aquele ano foi bem desafiador. Mas com muito esforço eu lutei e consegui minha clínica veterinária e petshop. Meu pai se recuperou consideravelmente e resolvi dar um tempo em relacionamentos e amizades tóxicas. - Eu pauso dando um gole no café. - Mas e você, como esteve todo esse tempo?

- Bom, eu... - A campainha toca assim que ele começa a falar.

Ambos olhamos em direção a sala. O barulho da porta abrindo e os passos se aproximando denúncia que alguém entrou.

- Chase? - A voz feminina se aproxima.

Eu olho surpresa para Chase. Quase que pedindo por uma explicação.
Quer dizer que ele namora?

A garota chega até a cozinha, carregando algumas sacolas de compra.
E fica tão espantada quanto eu, quando da de cara com a gente.
Chase logo se ergue e fica de pé entre nós.

- Larissa! - Chase diz sorrindo nervoso. - Essa é minha amiga Anyssa, ela veio cuidar do Neko.

- Aah... - Ela solta como um suspiro aliviado e se aproxima sorrindo. - Oi Anyssa! Eu sou a Larissa, e é engraçado porque nossos nomes combinam!

A piada forçada não tem a mínima graça, então eu continuo encarando essa situação como constrangedora e dou um sorriso sem graça.
Na verdade, estou indignada. Eu me ergo abruptamente.

- Muito obrigada pelo café! Mas eu preciso ir agora. Espero que o Neko fique bem!

- Eu acabei de comprar coisas para o jantar, você não quer ficar? - Larissa sugere inocente.

Estou coberta de vervonha e lá no fundo eu sinto raiva, mas tento manter uma postura apesar do nervosismo.

- Obrigada, mas eu realmente preciso ir agora...

Eu me despeço e vou rapidamente para o quintal. Chase me acompanha até o portão, mas eu ignoro totalmente sua presença.
Até que ele segure meu braço.

Meu reflexo irritado me faz instantaneamente puxar o braço e me viro com os olhos cerrados.
Esse... Filho da puta!
Eu quero dizer: Chase, você é um nojento!
Mas eu apenas o evito e entro no carro antes que ele dia qualquer coisa.

Me sinto culpada. Um lixo.
A consciência está pesada, mesmo que eu não soubesse.
Eu não me sinto exatamente inocente, realmente transei com ele no primeiro dia que o vi. Isso chega a ser estúpido.

Eu queria acreditar que ela era a irmã dele ou uma prima. Mas eu conheço Chase e sei que não tem irmã e nenhuma prima se chama Larissa.
Ou seja, ele é um safado traidor!
E jamais pensei que eu faria isso com outra mulher.

Nem mesmo consegui dormir essa noite.
Mas eu não quero contar isso para ninguém.
Então eu lidei com esses pensamentos vergonhosos sozinhas e prometi a mim mesma que jamais queria ver esse cretino de novo!











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