𝚂𝚛. 𝙼𝚒𝚗𝚎𝚛𝚟𝚊

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Encaro a caminhonete à minha frente, surpresa.

– Esse não é seu carro. – Afirmo, olhando pra Ray ao meu lado.

– É da minha mãe. – Ele dá de ombros, – Ela deixou eu voltar pra casa com essa caminhonete velha, não queria que eu fosse de ônibus.

– Hum. – Aperto a mochila em minhas mãos.

Noite passada, depois que aceitei ir com Ray visitar o túmulo de seu avô, fui pra casa. Quando amanheceu, ainda tive uma aula no campus e aproveitei pra atualizar o pessoal (com a permissão do garoto) sobre como Ray estava e avisando que eu ia ir com ele. Ninguém comentou muita coisa, só me desejaram boa sorte, apesar de Oliver não ter gostado muito da última notícia. Eu já tinha imaginado essa reação, mas garanti a ele que não faríamos nada demais.

Ray abriu a porta pra mim, entrando no lugar do motorista em seguida.

– Duas horas e meia mais ou menos. – Informou ele, ajustando os retrovisores, – Vamos chegar lá antes do pôr do sol.

Assenti com a cabeça e ele deu a partida.

Estávamos saindo da cidade quando uma notificação de mensagem me fez revirar os olhos.

“Não lembro de ter permitido você sair da cidade com qualquer um.”

Não me dei conta de que caí no sono. Entreabri os olhos, vendo o céu escurecendo levemente.

– Ray? – Olhei pro lado, vendo o garoto dirigindo com uma mão.

– Oi. Achei que não ia acordar. – Ele deu um sorriso de canto.

– Que horas são? – Passei a mão pelo rosto, me espreguiçando.

– São cinco e meia. Faltam só alguns minutos.

Olhei pela janela, vendo árvores, mato e colinas ao longe.

– Que bonito. – Sussurrei..

– Quem? Eu? Sei disso. – Disse Ray, me fazendo rir.

– Para de ser conven… RAY!

O garoto se assustou com meu grito, e o carro sacudiu pros lados por uns segundos; ouvimos o som dos pneus.

– Que isso, sua louca? O que foi? – Quis saber ele em um tom de voz urgente.

Você é o louco! Está dirigindo a quase duzentos por hora! – Praticamente berrei, os olhos arregalados.

– Ah, isso? – Ray suspirou de alívio, fechando os olhos.

Mantenha os olhos na estrada!

– Bela, eu dirijo muito bem. – Ele deu risada, o que me irritou mais.

– Desacelera agora, anda!

– Tá, tá. – Ray pisou no freio de leve, e aos poucos a seta foi baixando para 160. – Tá bom assim pra você?

– Ainda tá rápido demais. – Me encostei no banco, emburrada, e ele riu novamente.

Levou alguns minutos (fiz ele desacelerar mais) até que eu desencanasse com a velocidade do carro. Jogamos conversa fora o resto da viagem, e eu estava feliz por vê-lo relativamente bem. A imagem de um Ray bêbado e descontrolado ainda estava firme na minha cabeça, e eu tinha certeza de que não a esqueceria tão cedo.

Ele deixou que eu ligasse o rádio, e estava tocando Only Girl, da Rihanna, quando as luzes e prédios da cidade começou a ficar visível.
Pela placa, aquela cidade tinha o incrível total de oito mil habitantes. Ray disse que íamos ficar na casa da avó dele, depois ir visitar o cemitério pela manhã.

Me, him and the stalker-ᴿᵃʸˣᴿᵉᵃᵈᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora