Eu me encontrava em um conflito interno. A tinta que foi usada para pintar o desenho era vermelha e seca, a qual eu demorei a me convencer que não era sangue - não podia ser. Os rabiscos tinham formas arredondadas e formavam claramente uma mulher (de traços bem… protuberantes) amarrada e com cortes por todo o corpo.
O desenho todo era medonho… passei a mão pela tinta seca; não tinha cheiro, mas será que sangue seco cheirava?
Para com isso, Bela, isso é tinta.Larguei o desenho na mesma hora em que a porta abriu.
– Está bisbilhotando? – Disse Oliver com um sorriso.
Dei uma risada forçada, – Claro que não. Só tava olhando seu quarto… – Virei de frente pra ele, tentando guardar a folha de volta no caderno sem que ele notasse.
Oliver se aproximou com um sorriso estranho, apoiando a mão atrás de mim. Estranhei o sentimento de medo novamente, não há porque ter medo, Bela. Mesmo que não fizesse sentido, mesmo que Oliver fosse meu amigo de tanto tempo, algo esquisito me invadiu assim que vi aquele desenho. E meu coração bateu forte, quase a mesma sensação que eu sentia quando…
– Aqui o sal. – Ele ergueu o pote, saindo de perto e me puxando para fora do quarto.
Soltei a respiração que nem tinha percebido que estava prendendo. Sentamos no sofá normalmente, e aos poucos a sensação foi se dissipando.
Estava passando Titanic na sessão da tarde e, por incrível que pareça (quase infartei), Oliver nunca tinha assistido.O filme estava lá pela metade quando a campainha tocou - pra minha surpresa. E, na situação, eu não queria mais surpresas.
– Você tá esperando alguém? – Perguntei confusa, mas o garoto estava tão distraído com o filme que mal pareceu escutar o que eu disse.
– Hum, não. – Ele disse, enfiando uma mão cheia de pipoca na boca, – Vai lá ver quem é.
Torci o nariz e me levantei do sofá, rumando até o corredor que dava para a porta. Nem me preocupei em fazer uma cara amigável ao abrir, mas minha expressão mudou de apreensiva a surpresa em segundos.
– Ray!? – Sussurrei, arregalando os olhos e fechando a porta o máximo para que apenas minha cabeça fosse visível pra ele, – O que tá fazendo aqui?
– Eu vim falar com você. – Ray deu de ombros, completamente despreocupado, – Fui na sua casa e Violet disse que você estava aqu-
– Que seja. Vai embora. – O cortei, ríspida.
– Bela, escuta. – Ele respirou fundo e me encarou, – Eu não lembro de quase nada do que aconteceu naquela festa. Lembro de ter passado mal um pouco, e de Anna me puxando pra escada de repente…
– Ray, eu não dou a mínima. – Minha voz saiu mais urgente, e olhei para trás nervosamente, – Você tem que ir embora…
– Mas por quê?
Vi de relance Oliver virar o corredor, com a feição confusa e curiosa. Merda, merda.
Lancei um último olhar - desespero, raiva, frustração, não sei qual sentimento transmiti a Ray - ao garoto e deixei meus dedos escorregarem pela porta, a entreabrindo mais.
– Você de novo? – Oliver pôs a mão na parede ao lado da minha cabeça, de forma que fiquei meio presa entre os dois.
Quis gritar. A última coisa que eu queria era um confronto entre aqueles caras, ambos os dois tinham me deixado de pé atrás de certa forma - pra não dizer decepcionada. Aquilo tinha que ser um pesadelo.
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Me, him and the stalker-ᴿᵃʸˣᴿᵉᵃᵈᵉʳ
FanficOnde Bela é atraída por um certo garoto de sua faculdade. Onde Ray é um canalha, apesar de um dos melhores da universidade. & Onde Bela tem um stalker.