Capítulo Dois:
——— TOQUES E SUSSURROS —————
TALVEZ EU TENHA PEDIDO UM QUARTO SEPARADO. Bem, por motivos de conversas até tarde e falta de espaço. Era um absurdo, três pessoas terem um quarto pequeno onde cabia apenas duas camas de solteiro.
Agora, não haviam reclamações. Eu podia sentar com os pés na janela e fumar até encher o quarto de fumaça.
Mas, claro, alguém tem que interferir meu momento de paz.
Alguém bateu na porta. Apaguei o cigarro rapidamente, abrindo a janela para a fumaça sair antes de abrir a porta. Meus ombros murcharam ao ver que era apenas Roi.
— Por que mudou de quarto? — Ele perguntou, entrando sem mais nem menos.
— Falta de espaço. E eu não sou uma pessoa da madrugada como Cameron para aguentar as conversas dela. — Eu disse, fechando a porta.
— Tudo bem, melhor ainda. Eu preciso extravasar e você me parece a opção mais sensata para isso. — Roi disse antes de se jogar em minha cama como se fossemos amigos a anos.
— Defina extravasar.
— Contar uma coisa que eu não deveria, mas está me enchendo muito. — Ele disse, tirando os sapatos antes de recostar na cabeceira.
— Sou todo ouvidos. — Eu disse, sentando-me no banquinho fofo do canto do quarto.
Roi respirou profundamente.
— Berlim está pegando a esposa do Polignac. — Roi contou, ajeitando a luva em uma das mãos.
Minhas sobrancelhas grudaram com a linha do cabelo. Abri a boca em choque enquanto acendia um cigarro. Levei-o a boca.
— O que? — Perguntei, uma neblinas fumaça sendo sugada pela janela. — Ele é o que? Um pegador de casadas?
— Esse não é o ponto, Laurie. O ponto é que ela é esposa do cara que vamos roubar e Berlim esta obcecado por ela. Vigiando-a pelas câmeras, seguindo-a em concertos, dormindo até meio-dia por dormir de amores. — Roi falava, quase indignado. — Eu não aguento mais ouvir ele falar dela. E hoje os dois estavam aos amassos no elevador.
Roi passou a mão no rosto, suspirando. Parecia um peso tirado dos ombros descontar tudo em palavras. Mesmo que seja algo que não mude tanta coisa.