CAPÍTULO 1

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Cheiro de terra molhada e pólvora queimada.

Cavalos? Puta merda, eu fui pra roça?

— A desconhecida está acordando, Comandante Erwin. — Uma voz desconhecida soou no meu ouvido esquerdo.

— Agradeço, Jean. Vocês podem me passar o ocorrido?

— Deixa que eu falo, Jean é um tapado. — Escuto a voz de um homem, e após isso uma bufada de outro. — Eu e Jean estávamos caminhando até o quartel para conversar com o capitão Levi, e de repente, está mulher surgiu de forma mágica em nossa frente. Comandante, sei que pode soar que estou brincando com o senhor, mas foi exatamente isso o que aconteceu.

Eu tento me mover na cama na qual eu me encontrava, rolei para o lado e pude enxergar três figuras com vestes extremamente...incomuns.

Havia dois homens da mesma altura um ao lado do outro, um havia um corte de cabelo esquisito pra caralho mas não é de tão estranho assim, e o outro era mais comum, com seus cabelos castanhos bem escuros e olhos verdes vibrantes. Eles usavam a mesma roupa e havia algumas coisas penduradas em suas cinturas e quadril.

Ao lado deles, havia uma figura extremamente alta. Um homem, com cabelos loiros e curtos. Seus olhos eram num tom azul meio acinzentado. Ele mantinha uma centrada e serena em seu rosto enquanto me encarava.

— Eren, podemos conversar sobre isso depois. Precisamos...Descobrir mais sobre a aparição da figura em nossa frente. — O homem loiro se aproximou um pouco, e sorriu minimamente. — Qual seu nome, desconhecida?

"Desconhecida". Sério mesmo?

De repente, lembrei do protocolo repassado com Jéssica na noite anterior.

"Pode revelar quem você é, só seja cautelosa, você não terá a menor ideia com o povo ou o ser que estará lidando. Não exponha e nem dê nenhuma indicação que sua realidade não é aquela ou que...Bom, apenas finja que você não sabe o que aconteceu, ok?"

— Eu sou (S/N), e quem são vocês? — respondo olhando para todas as figuras da sala, na qual, com a exceção do loiro, me estranhavam muito.

— Sou Erwin Smith, Comandante da 13° divisão do reconhecimento. Estes ao meu lado são Jean e Eren, cadetes da divisão. Eles te encontraram perto da entrada do QG, desacordada e...bom, com uma aparição de forma extremamente espontânea e inesperada, segundo Yeager.

Que? Divisão do reconhecimento? Que porra é essa.

— Comandante, eu sei que é estranho...Mas foi o que aconteceu!

— Eren, o homem nunca vai te levar a sério sendo ridículo desse jeito. Mas infeliz ou felizmente, ele tem razão, foi toda essa bobagem que ele falou.

Erwin os encarou de forma confusa e respirou fundo. — (S/N), você se lembra o que aconteceu?

Tá, o que eu vou inventar pra eles?

— Não...Eu só, acordei e tô aqui? O que raios é tudo isso? E por que vocês tem esse equipamento estranho na sua cintura? — eu aponto para a cintura de Erwin, no qual me encara estranho.

— É comandante, achamos uma doidinha enlouquecida por aí. — Jean zombou, e eu olhei para aquele homem com todo desgosto que havia ali comigo. — Desculpe-me.

— (S/N), você veio de algum distrito muito longe? Você vivia no subterrâneo? Pode compartilhar, estaremos te ouvindo...— Erwin era um homem que sabia consolar, mas eu de fato não sabia o que dizer para eles.

De repente, senti meu braço arder de dor. Os três na minha frente arregalaram seus olhos.

Eu olhei para meu braço esquerdo e havia um grande corte que pegava meu braço inteiro e um pouco do antebraço. Me lembrei das palavras de Jéssica antes de me desesperar.

"Você não morrerá durante a viagem, é impossível. Mas, talvez algum desvio do tempo possa te fazer algo que machuque, torcemos por você cair numa realidade na qual a medicina é valorizada e avançada, diferente da do nosso país."

— Que porra é essa? O braço dela começou a sangrar do nada! — Jean estava impressionado, e nenhum dos três merdinhas faziam algo.

— Chamem a tenente Hange, ela está na sala ao lado, andem! — Jean e Eren foram se empurrando até a porta e saíram do quarto.

Meu braço ardia, e Erwin parecia estar nitidamente confuso com o que poderia fazer. — Me diz que essa tal de Hange vai me ajudar, por favoooor!

— Ela é extremamente esperta em diversas áreas, e fez um curso de primeiros socorros antes de entrar na divisão do reconhecimento. Nós temos uma equipe médica especializada, mas está extremamente ocupada com os feridos da última missão de reconhecimento.

Antes de eu questionar o que raios era a "última missão de reconhecimento", os dois patetas retornaram à sala com a presença de uma mulher alta com uma maleta na mão. As coisas começaram a ficar interessantes que até esqueci que meu braço estava em carne viva.

— O que caralhos aconteceu aq...— ela pausou a fala quando me viu e em específico, viu o meu braço. — Erwin, quem é esta?

Hange tinha os cabelos castanhos que estavam presos em um semi rabo de cavalo com algumas mechas soltas na frente. Seus olhos eram extremamente escuros e...intensos. Ela usava óculos numa armação que nunca havia visto na vida, mas ficava lindo nela. Ela era uma pessoa alta e que havia as mesmas vestes que todos os outros.

Ela se aproximou e me encarou bem de perto. E...sorriu. — Ora, isso deve tá doendo pra caramba, né?

Fiquei meio sem jeito e fiz que sim com a cabeça. Hange colocou a maleta em cima da cama e a abriu, lá dentro havia diversos equipamentos e utensílios médicos. Só estava pedindo para qualquer divindade que poderia ouvir meus pensamentos para que a medicina daquela época não ter nenhum método de tortura envolvido.

— Eren e Jean, estão dispensados. Voltem para seus respectivos treinos que Hange e eu daremos conta. — em questão de segundos, Erwin expulsou os dois patetas e apenas ficaram nós três na sala. — Hange, está é a (S/N). Sobre quem ela é...Bom, é uma incógnita.

Hange começou a limpar o local cuidadosamente, ela havia uma mão leve como uma pena, mas com um simples toque, a ardência começou a voltar com todo vigor, me fazendo arrancar grunhidos de dor. — Me desculpe, querida. Mas isso está bem fundo, como que aconteceu?

— A questão é essa, eu também não sei. Eu não sei de muita coisa na verdade...Ainda não entendi o que raios vocês são e o que fazem.

Esperei uma expressão de surpresa igual a anterior do Erwin, porém tudo que Hange ofereceu foi um sorriso. — Eu vou dar um jeito nesse teu braço e podemos discutir sobre isso depois, ok?

Eu assenti lentamente a cabeça. Eu estava confusa. Confusa pra caralho, e sabia que isso aconteceria.

Pelo menos a presença da Hange me deixava minimamente calma. Por sinal, descobri que não fui para uma realidade com pessoas feias. Hange era uma pessoa de beleza extremamente...alta.

Queria poder olhar ela mais, se ela não estivesse literalmente cutucando meu braço.

[...]

Hange era uma fera da medicina da realidade dos estranhos!

Meu braço estava enfaixado, a dor era média, mas tolerável. Erwin resolveu me deixar no quarto para que eu pudesse descansar e, segundo ele, ter tempo de lembrar o que me aconteceu.

Olhei para a janela do quarto, e bom...Não era tudo de ruim o que eu via, só era bem diferente. Havia pessoas e pessoas com a mesma roupa andando para lá e pra cá, havia cavalos, vários cavalos. Eu ainda não entendia muito aquilo, mas aquele mundo não podia ser caótico tanto quanto o meu, né?

Nada pode ser pior que a terra que eu vivo.

Em outra...realidade? (Hange Zoë x Fem!Reader)Onde histórias criam vida. Descubra agora