Capítulo Um

81 11 0
                                    

A sidra de maçã escorre pelos meus lábios no instante em que um homem com quase o dobro do meu tamanho despenca ao meu lado

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A sidra de maçã escorre pelos meus lábios no instante em que um homem com quase o dobro do meu tamanho despenca ao meu lado. Ele urra; já eu, dou três batidinhas na mesa e uma acenada para a atendente da taberna. A moça loira se afasta do balcão com uma caneca abastecida e contorna o homem com certo tédio. Resmunga um impropério assim que o baque do aço açoita o tampo da mesa. Eu lhe deixo uma moeda e um pedido de desculpas com o olhar. Ela olha ao redor, ignora, pega a caneca vazia e sai andando. Ela sabe que não sinto muito assim.

O homem ao meu lado se ergue num salto e captura a pessoa que o derrubou (também conhecido como meu melhor amigo) pela gola da camisa. Eu inspiro fundo e tiro a caneca de aço da mesa. Recosto-me na cadeira de madeira que, a propósito, está tão degradada que inclina-se para trás junto comigo. O agressor arremessa o outro sobre a minha mesa e eu firmo meu pé no chão para não cair. Eu previ isso acontecendo, claro que sou precavido. Os dois se esmurram e eu vejo sangue. Eu sempre vejo sangue.

Tantos bebuns ao redor, todos atentos olhando, pensando se irão intervir, se não dirão nada, se devem voltar ao hidromel ou cerveja preta. Eu bebo minha sidra de maçã quando os dois briguentos deixam minha mesa e caem na mesa ao lado da minha. Um puxa o cabelo do outro, depois uma mordida e um chute que seria lindo de ver se o outro não tivesse agarrado sua perna e puxado. Ele bate a cabeça na madeira, mas não forte o suficiente para desmaiar, apenas um gemido. Eu me levanto, vou até o balcão e peço queijo e pão para levar, que vem enrolado num pano fino meio sujo.

A briga já está generalizada quando eu me viro. Desvio de dois socos antes de conseguir sair de fininho pela porta da frente. Consigo escutar alguns funcionários gritando para que saiam e que lá não é lugar para brigar. Eu apenas me recosto na entrada do estábulo, pensando quanto tempo é que irá durar.

Mas em poucos segundos, ele sai tropeçando pela porta da frente, com um sorriso de sangue e olho roxo apertado. Seu cabelo preto está todo desgrenhado, e estaria menos se ele não tivesse deixado crescer. Quando olha por cima do ombro, vê o homem com quem estava brigando e me olha com os olhos arregalados. Não espero um sinal, enfio a comida no bolso da capa e saio correndo ao lado do meu amigo. Eu deveria ter parado Jeno no instante em que ele cogitou a briga, mas eu sei que isso não ajuda em nada.

— Merda, Jeno! — eu grito em meio ao riso, porque ele também ri e solta palavrões para o cara cabeludo com o nariz aparentemente quebrado.

Passamos por mais tabernas e estalagens. Eu teria roubado um cavalo do estábulo, mas já fui pego fazendo isso e a surra que levei até hoje dói. E tudo que fazemos é cruzar a rua e desamarrar Poko, seu cachorro akita que o pai deixou antes de sumir rumo ao Japão. Então se torna eu, Jeno e um cachorro correndo rumo à colina. E temos sorte, afinal Jeno não bebeu muito antes de dar o primeiro soco, o que significa que não preciso ficar carregando ele pelos cantos.

— Ai, eu realmente estou sem ar! — diminuo os passos ao olhar para trás e ver apenas as atividades usuais de Loft Chang, com suas boutiques, floriculturas, padarias, hospedagens e todo o tipo de gente que mora ao redor do pequeno centro comercial.

lágrimas de unicórnios ★ chensungOnde histórias criam vida. Descubra agora