— Não vai mais chover pelos próximos dias — Chenle me conta assim que desarmamos nossa tenda e jogamos nossas trouxas entre os braços, prontos para voltar à caminhada. — Então podemos ficar tranquilos. Provavelmente entre hoje e amanhã boa parte dos lugares bons para dormir já estejam secos.
— Que alívio — suspiro. — Mas como você sabe disso?
Chenle desvia o olhar, como se estivesse incomodado ou ofendido com a minha pergunta.
— É só olhar o céu — ele diz.
Eu olho para cima e percebo que ele tem razão. As nuvens diminuíram consideravelmente e as poucas que tem não estão escuras nem nada. Na verdade, hoje o dia está surpreendente ensolarado e quente. Um pouco abafado, mas era de se esperar após aquela chuva toda.
— Vamos indo? — pergunto.
Ele balança a cabeça e vamos nós dois caminhando juntos. Eu checo o mapa algumas vezes, para ter certeza de que estou indo aonde quero ir. Eu deveria perguntar ao Chenle se ele já viu algum unicórnio, mas do jeito que ele é com os animais, é capaz de me cortar na hora.
— Você... — começo a falar. Quero muito saber e acho que ele pode me ajudar nem que seja por uma única pista ou direção. — Você sabe se por aqui tem unicórnios?
Chenle comprime os lábios por alguns segundos. Ele tenta endireitar o colete que está usando, como se estivesse fora do lugar ou pinicando. Depois disso, gira os ombros e cofia o próprio queixo.
— Não sei — sua resposta me deixa decepcionado, não irei mentir. Não sei o que minha expressão se tornou, mas ele parece ter pena. — Eu acho que não muito por aqui nessa área. Talvez seja melhor adentrar mais, não?
— É, talvez.
Andar pela floresta com Chenle não é ruim. Só é um pouco lento, porque ele se distrai com alguns animais que encontramos pelo caminho. Damos de cara com uma espécie de trilha, mas eu desvio e Chenle também. Se o que quero é encontrar unicórnios, não será numa vila qualquer. E também não tenho tempo para distrações. Preciso encontrar o quanto antes, conhecer minha liberdade o quanto antes.
Apesar de ter perdido Major e estar com pouca comida, é agradável ter Chenle por perto. Ele traz um aroma de flores ao redor de mim, não sei explicar. É bom, agradável. Melhor ainda quando conseguimos encontrar uma pequena clareia, o lugar perfeito para fazermos a refeição do meio do dia e descansar da caminhada. Observando como ele mastiga o tomate cereja que encontramos há algumas horas, ele se distrai facilmente cutucando e sentindo a textura de um galho de árvore do chão. Gostaria de entendê-lo. O que se passa na cabeça dele?
Parece filho de um nobre, embora se vista de maneira que exala grande simplicidade. Sua postura sempre é ereta e não acho que ele utilize perfumes, embora ao redor dele tenha um cheiro tão floral. Além disso, sua pele parece ser afável. E até mesmo quando ele finca os dentes no fruto, o suco escorre pelos cantos dos seus lábios graciosamente. As costas da sua mão tentam limpar a área que momentos após será suja outra vez.
VOCÊ ESTÁ LENDO
lágrimas de unicórnios ★ chensung
Fanfiction« a coexistência de humanos e unicórnios era algo claramente impossível. no entanto, por algum motivo, o véu que separava ambas dimensões se rompeu, forçando ambas espécies conviverem no mesmo espaço. agora dane-se o ouro ou o diamante ou qualquer q...