Capítulo Dez

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O pensamento sobre o beijo em Chenle me pegou de surpresa

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O pensamento sobre o beijo em Chenle me pegou de surpresa. Eu nunca antes tive uma vontade genuína de fazer isso com alguém, mesmo quando tudo me apontava que talvez eu gostasse da pessoa. Uma vez, comecei a observar o filho do padeiro por pura curiosidade, porque ele era bonito e eu passava por lá todos os dias ao voltar da feira. Jeno recomendou-me ir ter com ele e lhe comunicar que gostava da sua pessoa e só este pensamento me fez entrar em pânico: gostar de alguém de verdade... Não aguentei. Deixei de passar pela padaria, fiz o caminho contrário, e mesmo que eu encontrasse com ele em algum momento não sentia um calafrio nem nada, só cumprimentava normalmente. Eu ainda o achava bonito, mas nunca tive vontade de estar com ele, tanto que tive receio do rapaz criar um certo afeto sobre minha pessoa e eu acabar iludindo suas expectativas. Então, sim, isso é novo para mim.

Quando Chenle falou que queria pôr flores no meu cabelo, e eu quis pôr beijos na sua boca, nós não cumprimos. Pelo menos não por ora. Rimos e depois nos levantamos meio sem saber o que aconteceu. E depois de fazermos uma piada com um arbusto em formato estranho, fomos andando à procura de alguma forma de fazer o chá e de conseguir flores.

Agora estou descansando no chão enquanto Chenle está à alguns metros, após uma parcela de árvores. Eu disse que queria dar um tempo e ele falou que iria avançar um pouco para checar quão perto estamos. Nas suas mãos, parece haver um buquê de flores que ele pegou no meio do caminho em meio a melodias da pipa e curiosidades aleatórias sobre as orquídeas. Às vezes sinto que estou vivendo um sonho.

— Jisung! — escuto seu grito entusiasmado por entre as folhas. — Encontrei a cachoeira! Vem rápido!

Eu me levanto num salto, estou exausto e acho que nunca andei tanto na minha vida como está sendo nesses dias. Sem sorte com o unicórnio, mas confesso que agora sinto que isso poderá acontecer em breve. Estou otimista. Meus joelhos parecem gelatina, porém eu sei que devo chegar lá para pelo menos descansar propriamente.

Passo por uma série de árvores até minha botas esfregarem na terra onde aos poucos surgem pedras atrás de pedras que ganham tamanho e aspereza. Quando chego em frente a cachorreira, meus olhos não conseguem acreditar. De onde venho, não sou acostumado a ver cachoeiras assim aleatoriamente, porém tão bem postas que quero bater palma para tudo que for glorioso e surpreendente da natureza. Há um rochedo em fente a nós e do seu topo a água é cuspida como quem rejeitada ou abençoada. Jogo tudo ao chão, não quero saber, eu preciso me banhar. E só agora lembro que ontem eu disse que hoje queria tomar banho. Acho que se realizou.

— Vem, Chenle. Não vai entrar? — questiono, arrancando as botas dos pés.

Ah, finalmente pôr os pés no chão e sentir essa sensação é espetacular. Sinto o granulado da terra, a aspereza das pedras já gastas com o tempo e o castigo do pingar das águas. Sinto o ar puro e tudo que quero agora é viver o momento. Por mais que eu não tenha tido êxito ainda na minha missão, eu estou vivo e tem alguém cuidando de mim, assim como tenho alguém para cuidar também. Até então, acredito que já é o bastante.

lágrimas de unicórnios ★ chensungOnde histórias criam vida. Descubra agora