Marília esfregou os lábios para esconder um sorriso quando Maraisa sentou na beiradinha da cama e cruzou as mãos sobre o colo. Se a beijasse, ela iria ao chão. Era o tipo de garota que perdia as forças quando se excitava. Marília adorava aquilo. Cada esforço necessário para derrubar as barreiras dela tinha valido a pena.
Maraisa parecera bonita antes, mas daquele jeito ficava linda além da conta. Livres do coque, suas mechas compridas emolduravam o rosto. A excitação iluminava seus olhos castanhos, e os lábios estavam inchados por causa dos beijos. Maravilhosa. Marília quase desejou poder encontrá-la de novo depois daquela noite.
Em vez de se sentar ao lado dela, Marília se acomodou no meio da cama king-size, se apoiou sobre um dos cotovelos e deu um tapinha no espaço ao seu lado. Depois de uma hesitação momentânea, Maraisa se deitou junto a ela, despencando no colchão, com os olhos voltados fixamente para cima. Era possível ver as veias pulsando sob seu queixo. Ela estava tensa como se esperasse um eventual ataque.
Marília precisaria se esforçar mais.
— Vou beijar você de novo. — Como pressentiu que Maraisa precisava ser avisada, acrescentou: — De lingua.
— Tudo bem.
Ela se inclinou e a beijou, voltando ao início com roçadas leves dos lábios e lambidas provocativas antes de dominar sua boca de novo. Maraisa não sabia mesmo beijar, mas era divertido senti-la aprendendo. O que não tinha de habilidade compensava com entusiasmo.
Maraisa a beijava com movimentos destreinados da lingua, seguindo sua boca enquanto Marília tentava recuar para diminuir ainda mais a iluminação do quarto. Sua experiência dizia que ela se sentiria bem mais confortável com o mínimo de luzes possível.
Marília tentou alcançar o interruptor sem deixar de beijá-la. Maraisa enfiou os dedos nos seus cabelos. A única coisa que a enlouquecia de verdade - além de sexo oral - era uma mulher mexendo em seus cabelos. As unhas dela arranhavam seu couro cabeludo, exercendo a pressão ideal para fazer uma onda de prazer percorrer sua espinha. Marília se esqueceu das luzes.
Sua mão percorreu o corpo dela, agarrando o peito avantajado. Apesar da camisa e do sutiã, dava para sentir a ponta do mamilo enrijecido. Marília sentiu vontade de beliscar de leve, brincar com ela, mas havia muitas camadas de tecido firme no caminho. A loira a beijou com mais força, e Maraisa se arqueou na direção de seu corpo. Se não estivesse usando aquela saia justa, teria aberto as pernas. Marília era capaz de apostar que estava toda molhada para ela.
Inclinando-se para trás e respirando fundo, ela avaliou seu efeito. Maraisa respirava fundo com os lábios entreabertos vermelhos e brilhando. A mensagem em seu olhar era de puro sexo. Estava pronta para mais, Marília levou o dedo ao colarinho da camisa dela e abriu o primeiro botão. Foi como acionar uma chave, tão drástica foi a mudança. Em um momento, o corpo dela estava relaxado e entregue. No seguinte, ficou tenso como um elástico esticado até o limite. O rosto dela empalideceu. Sua expressão passou de sensual a assustada. Maraisa baixou as mãos ao lado do corpo e cerrou os punhos.
— Maraisa?
Ela engoliu em seco e começou a desabotoar a camisa. — Desculpa. Pode deixar que eu abro. — Com gestos descoordenados, soltou um botão, depois outro. Marília pôs a mão sobre a dela para interrompê-la.
— O que está fazendo?
— Tirando a roupa.
— Não vou transar com você desse jeito. — Aquilo era errado. Marília nunca tinha feito sexo com uma mulher que não estivesse cem por cento a fim, e não ia começar àquela altura.
Maraisa se virou de costas para ela, com a respiração trêmula. Droga, ela estava chorando. Marília baixou as mãos para tocá-la, então hesitou. Ajudaria ou só pioraria a situação? Porra. Precisava fazer alguma coisa. Marília não podia deixá-la chorando daquele jeito. As lágrimas a incomodavam mais que qualquer outra coisa. Marília se aninhou junto a ela. Quando Maraisa tentou se desvencilhar do abraço, a loira apertou mais forte. Como era possível? Tinha sido só um botão.
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Love Numbers | G!P
Fiksi PenggemarMaraisa Pereira tem dificuldades de se relacionar com as pessoas, ela tem síndrome de Asperger e muitas vezes não consegue filtrar o que diz ou simplesmente 'trava'. É uma mulher sensível e odeia desorganização. Sendo econometrista, ama números e é...