capítulo 23

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ALERTA: LUTO

Lua

Estávamos no enterro, escutando apenas o choro do Henrique que gritava sobre o caixão da sua mãe.

Não conseguimos dormir ontem, o Filipe chegou horas depois falando que pegaram a pessoa que conseguiu invadir o morro e sequestrar a Aurora para entregar pro maldito do Roger. Ele falou pouco mas contou que desconfigurou o Roger e deu um fim no corpo dele.

Isso não mudava o caso de estarmos enterrando duas pessoas hoje. O tio Perigo era sozinho, não tinha família mas tinha o tio Coringa que está completamente perdido no canto do salão.

Não só o tio Coringa, o tio Guga e o tio Vigor estão abatidos no canto. O tio Terror está perdido sozinho. E o meu pai, que está neutro parecendo em estado de negação. O Filipe fumou ontem, depois de anos e eu segurei a mão dele enquanto chorava.

Estamos nos despedindo hoje de uma amiga também, que por mais que tenha feito muita merda era uma pessoa especial.

Tive que dar notícias pelo telefone para mãe da Nicole, e ela conseguiu chegar a tempo no enterro mas passou mal e teve que ir no posto de saúde.

Um filme passa na minha cabeça de todos os momentos bons com a Nicole.

Como eu vou sentir falta das brincadeiras e do beijo na testa que o tio Perigo sempre me dava.

Lorena: Estou sem chão. -sussurrou com Aurora no colo

-Nem me fale, tô com o choro entalado na garganta.

Lorena: Vamos fazer nossa missão de vida e ajudar o Bob cuidar do menino. -apontou para o nosso amigo que acolhia o filho nos braços

-Sim, precisamos dar apoio. -murmurei

Terror: Vai em paz irmão. -falou ao nosso lado enquanto rezava

Bianca: RAFAEL! -gritou me fazendo virar a cabeça

Vi meu pai caindo no chão com a mão no peito e corri até ele acudindo.

-Pai? -gritei desesperada -Ajudem.

Imediatamente geral se aproximou assustados.

Ret: Caralho. -se aproximou segurando ele

-Pai, fala comigo. -segurei o rosto dele que tava travado

Bianca: Meu Deus. -gritou

Vigor: Ele tá infartando, carreguem ele. -se aproximou e eu segurei a mão gelada do meu coroa

Coringa: Afasta e pega ele. -segurou na perna

Guga: Levanta a cabeça dele, vamo.

Vi os amigos do meu pai se juntando carregando ele e levando para o carro. Filipe acelerou no volante e eu me joguei no banco do passageiro olhando para trás enquanto a Bianca segurava a cabeça do meu pai no colo.

Olhei através da janela vendo a Lorena segurando o Leonardo que chorava querendo descer do colo.

Bianca: Amor, respira fundo preto. -suplicou -Tu não está louco de me deixar Rafael.

-Pai. -chamei vendo que ele tentava reagir mas estava sem ar

Ret: Aguenta firme grande homem, segura esse coração aí. -resmungou acelerando o carro

Paramos no posto e descemos tentando carregar meu pai que já estava inconsciente.

-Por favor, meu pai tá infartando. -gritei no hospital

As enfermeiras vieram acudir ele e fizeram uma reanimação mas levaram a maca e mandaram a gente aguardar na recepção.

Abracei a Bianca e ficamos juntas na cadeira da recepção.

Bianca: Ele é forte, Lua. -beijou minha testa

-Não consigo imaginar um mundo sem ele, Bia. -suspirei fechando os olhos

Tinha tomado dois calmantes antes de ir para o velório, então estou completamente atordoada e isso fez eu apagar na cadeira do hospital.

Nesse momento, o filme se repete na minha cabeça.

A sensação de ficar sem chão em choque, completamente absorta das coisas ao redor.

Não posso perder mais uma pessoa, não posso perder o meu protetor. E nesse momento cair em um sono profundo esquecendo totalmente da minha realidade.

LIBERTINAGEM - 2° LIVRO (CONCLUÍDA + EM REVISÃO) REPOSTANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora