Amaury POV
19 de setembro.
Eram por volta das sete da noite quando eu finalmente cheguei em casa. O dia não tinha sido muito bem o que eu esperava, esperava que o tempo apertado tivesse me permitido conversar com o Diego. Ontem, não tive muita chance porque ele tava super ocupado, com trabalho e também com assuntos dele. Dei espaço, claro, mas eu precisava falar com ele...a sós de preferencia, pra entender como as coisas entre nós estão. Ele não foi frio comigo em nenhum momento, longe disso... mas o fantasma do período onde nossa relação era estritamente cordial me perturbava, me sentia inseguro. Ainda antes de jantar e tomar banho, fui até minha cadeira na janela, onde podia ver a lua e levei comigo meu caderno, era hora de entender um pouco.
Abri o caderno e coloquei titulo na lista, deixei como: "O que o Amaury quer". Mais embaixo, após um espaço pra preencher escrevi outro: "O que o Amaury precisa". Posicionei a caneta na primeira linha da primeira lista e tive vontade de rir histericamente, levantei os olhos e com um suspiro e uma inalação profunda, recebi o ar da noite. Não importava o quão ridículo eu fosse agora, precisava ser honesto. Então, menos incrédulo, escrevi ali: Diego. O branco que minha mente deu depois disso era tudo menos comum pra mim, levantei e deixando o caderno ali, com a lista que precisava sim ser completada e fui pro banho, precisava pensar, colocar a cabeça no lugar. Eu tinha e sempre tive claro na mente, que a gente precisa estar inteiro pra ter uma troca com alguém e assim deixei a agua cair nas minhas costas, no meu rosto...fechei os olhos e tentei me imaginar em outro lugar, uma cachoeira, ouvir os sons, lembrar dos cheiros.
Se aquilo era bom, porque eu parecia esquecer de mim? E sim, eu já amei. Mas a não ser quando adolescente, nunca fiquei zonzo desse jeito, silenciei um pouco a mente pra sentir...e não, não era ruim. Era lindo! Então me atingiu a realização, de que o que me deixava assim, não era amar, eram as incertezas. Eu estava lidando com algo tão importante, aliás, com tantas coisas importantes ao mesmo tempo, mas o sucesso do Ramiro me parecia certo, tendo um parceiro que tava lá comigo pra tudo, pra dar o sangue...a equipe não podia ser melhor, os fãs estavam lá, nos impulsionando...isso significava que minhas metas pessoais também seriam atingidas e amor eu estava recebendo e dando, eu estava sim completo! A parte que me deixava inseguro era não saber o que aconteceria quando acabasse tudo...
De repente já eram dez pra nove da noite, antes de assistir a novela, voltei pra minha lista e finalizei, do jeito certo.
"O que o Amaury quer"
Diego - Estar sempre, todos os dias.
Nunca esquecer quem eu sou.
Salvar o Ramiro.
Fazer esse país se questionar.
Inspirar quem se inspira em mim.
"O que o Amaury precisa"
Fazer com que seja impossível de esquecer.
Conversar com o Diego.
Ter muito cuidado, sem deixar de viver tudo que tá lá pra mim (me fodi).
Arranjar um jeito de soltar, sem ser demitido.
"Fazer com que seja impossível de esquecer", isso aqui eu estava me referindo a tudo, mas seguindo a linha de não ser hipócrita, era com o Diego, principalmente....mas como ainda não conversamos, escolhi me aproximar com calma por hoje. Fiz um storie casualmente assistindo nossa cena e marquei ele. Bloqueei o celular e fui fazer algo pra comer.
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Penhasco
FanfictionQuando a vida te abre uma porta, você tem coragem de descobrir o que há do outro lado? Mesmo se desafiar teu senso comum? Mesmo se te assustar como o inferno? Mesmo se te encantar, te fazendo se questionar, se entregar e se expor? Ou você prefere fi...