Pra quê querer saber? Depois de ter você..

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10 de Outubro.

Diego POV

     Eram oito e meia da manhã e eu me escondia da luz do sol que teimava em não me deixar abrir os olhos, no cantinho do poste da frente do meu prédio, estava esperando o uber, que viria recheado de Amaury Lorenzo. Pois é, louco né? Ontem a gente dormiu, simplesmente. Depois que ele caiu, cansado ao meu lado, sabia que tínhamos que falar sobre, mas a sensação era tão boa, tão tranquila, eu não quis puxar papo e pelo visto, nem ele...fiquei ouvindo a respiração compassada ali e apaguei. Hoje, por providencia do universo, acordamos atrasados e as palavras que trocamos foram só sobre apressar o outro. Amaury me deixou em casa e disse que iria de uber, porque íamos rodar bastante hoje e o carro precisava de um reparo, perguntou se eu queria dividir, sem saber que minha mente era uma sucessão de flashes de ontem, ele bateu palmas pra que eu voltasse a terra e eu ri, porque só pude lembrar dos tapas, que maluco que eu estava... enfim, teríamos um dia longo pela frente.

Amaury POV

     Avistei Diego, se escondendo do sol na sombra de um poste, todo pitico com o cabelinho molhado e mesmo já tendo tempo suficiente pra pensar enquanto malhava, não fazia ideia do que dizer pra ele, de como as coisas ficariam hoje.
     Ele entrou, dando bom dia pro motorista e pra mim, como se não tivesse acordado babando no meu peito. Então seria assim o dia, evadindo o tema? Na verdade, fiquei até grato por isso. Nosso percurso até o camarim se resumiu a cumprimentos a porteiros e passantes, equipe e desconhecidos... entrei no camarim enquanto o Di falava com um dos figurinistas da novela no corredor e fui logo passando a roupa que ia usar, claro que percebi quando ele entrou e sentou em silêncio, silêncio bem longo, eu achei. Quando virei ele tinha o celular na posição de quem me gravava...ah, claro...stories. Vamos pelo caminho seguro. Terminei o que estava fazendo e sentei do lado dele, tinha mais duas pessoas na sala, pra cuidar de nós e eu achei uma boa hora pra fazer storie também, porque tava na cara que estávamos pisando em ovos. Comecei minha narrativa, claramente na inocência:

— Hoje é minha folga, né? Mas eu tenho dois trabalhos pra fazer, porque folga é uma coisa que não existe. Vou fazer um trabalho agora de manhã e a tarde. E no trabalho que eu vou fazer, agora de manhã e a tarde, olha quem vai fazer trabalho junto comigo– viro a tela do celular pra mostrar o Di com cara de sono.

— Oi.

— Não desgruda, gente.

— Oi... Tô precisando de... ferro e vitamina B... – falou o completo maluco, com a cara de moleque quando diz que a palmada "nem doeu".

Ele passou o percurso inteiro calado, pra nossa primeira interação decente, depois da noite ser essa? Que peste!

— Pornografia já as dez horas da manhã– a câmera não pôde deixar de captar minha cara de idiota– é difícil mesmo...

— Nossa, eu tava falando de vitamina mesmo, você é que pensa besteira.

— Muito difícil isso, viver dessa maneira, trabalhando aqui– ele deitou no meu ombro do mais absoluto nada, me desconcertado ainda mais.

— Porfavor me dá ferro...

PORRA, DIEGO! Eu parei de funcionar, não sabia se ria ou jogava ele numa parede. O que eu fiz? Decrete intervalo de minerva, puxando "sinônimos", tão maluco quanto ele, onde eu vim parar?
Ele ficou ali no meu ombro pelos próximos minutos, até que tivemos que nos trocar e gravar a publicidade pra vivo, não podíamos demorar muito fazendo, porque o dia tava todo cronometrado, foi divertido, foi tranquilo. O clima de familiaridade é de leveza foi tomando lugar e tudo ficou quase...doméstico. Pensar isso trouxe uma dorzinha incômoda, quase como um espinho, pequeno, mas que você não vai conseguir andar bem, com ele ali.

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