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Arthur Abbott: Nos filmes existem as mulheres protagonistas e suas melhores amigas.
Você, lhe asseguro, é uma mulher protagonista, mas não sei por qual motivo está agindo como a melhor amiga.
(O amor não tira férias)

14 de abril de 2017

Faltei silenciosamente na escola hoje, por motivos de: sono. Mentira, a Alana disse que viria em casa no horário de aula com o menino que ela anda gostando.

— A sua obrigação como minha melhor amiga é se alegrar com minha visita. — ela sorri entrando na sala.

Concordei com um sorriso e escovei os dentes, pois ela realmente veio em horário de aula. Às exatas 07h da manhã feliz, arrumada e cheirosa esperando o Gabriel vir aqui.
Minha mãe tinha chego há uma hora e já estava dormindo, e não fez nada para o café da manhã. Tinha duas latinhas de energético na geladeira que me esperava a caminho da escola.

— Quero café, minha filha, se vira. — ela senta no sofá ligando a TV.

— O que tá passando de legal?

— Bom dia cidade. — mudou de canal. — Ana! George o curioso... — sorri.

Ela assiste o desenho enquanto coloco a para água ferver para o café.

— Tem que subir lá na padoca... vocês vão querer comer o que?

— Qualquer coisa, amiga.

A padaria na rua de trás de casa já estava aberta onde fui direto usando pijamas.
Conheci o Gabriel que é um fofo e super legal com ela, que me chama de cunhada já.

— Mano eu não acredito que cê tinha uma ovelha. — ri.

— Ela é doida essa menina, olha a carinha dela, de amor da minha vida. — sorri.

Encostei meu rosto no ombro dela com carinho.

— Eu amo esses animais, mas não demorou muito pra minha mãe se livrar dela porque ela berrava demais.
Quando eu tinha 9 anos ganhei uma ovelha que chamava Cláudia e ela morava no quintal da antiga casa, mas começou a perturbar muito os vizinhos e tivemos que vender.

Eu não falava muito com a minha irmã na época porque ela já era adolescente, mas aquele dia nós duas sentamos no chão de casa chorando juntas ao dizer adeus à ovelha.
Meu presente de aniversário ano passado foi uma ovelha de pelúcia que minha mãe me deu depois de tanto sarcasticamente jogar na cara dela o quanto que senti a falta da ovelha.

— Mano, vai ser foda se a gente sair de quatro. — ela concorda feliz.

— De quatro, Alana? Cê tá chapando?

Rio da fala dele e o jeito que ela olha para ele ao perceber sua frase.

— De casal, de dupla. — corrige.

— Não sei, amiga. — ri.

— Por quê não?

— Esse Gustavo aí ele estuda o que? — ele pergunta.

— Ciência da computação.

— Mo' nerd. — concordo.

— Por quê não? — repete me olhando.

— A gente não se assumiu ainda, e sendo sincera... eu nem sei se eu quero.

Na próxima semana a gente estava em uma lanchonete que fica a dois quarteirões da praça, comendo um podrão. E adivinha só? Em casal.
Me senti em um filme. Sabe aquele borrão em câmera lenta? Isso pode soar contraditório, eu sei. Mas são aqueles filmes muito estranhos que você não faz ideia do que seja, o sentido, o enredo e quando você acaba ele, procura um trilhão de resenhas para entender o final.
Eu não sei porquê me sinto assim.

Como tudo deve ser - Pedro OrochiOnde histórias criam vida. Descubra agora