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Kat: Eu odeio o fato de você sempre ter razão. Eu odeio quando você mente. Eu odeio quando você me faz rir. Mais ainda quando me faz chorar. Eu odeio quando você não está por perto. E por você não ter me ligado. Mas mais que tudo, odeio como não te odeio. Nem um pouco, nem por um segundo, nem por nada.
(Dez coisas que odeio em você)

08 de maio de 2023


Ter a idade inapropriada para ver filmes de romances mesmo que sejam bobos e bem tranquilos, nos transformam. Aquele exemplo bom de ver Diário de uma paixão, ou como se fosse a primeira vez, na sessão da tarde e pensar como um drama, romance e loucuras como aquelas nos fariam bem. Eu mesma cresci com uma imagem totalmente idealizada do amor romântico.

Quem ia ser o maluco de subir em uma roda gigante enquanto gira só para falar comigo? Não vou ter nunca um Noah.
Essa sede que os protagonistas têm de viver, mas eles acabam se esquecendo que o amor é uma ação, não uma escolha. Até porque eu sou a pessoa menos capaz para dizer e contar sobre o amor perfeito, porquê, sequer ele existe.

Entramos no uber que manteve se em silêncio, dando contraste na música baixa que toca. Ele ouve na spotify sertanejo raiz, o que me faz me lembrar dos meus avós que ouviam.

— Tô com tanta fome, não vejo a hora de chegar. — suspirei.

— Tô cheião de fome também. — diz baixo.

Ele pegou no celular desbloqueando e clareando seu rosto.
Olhei o horário, 21h19. Ele abre o ifood e me vira o celular.

— Ainda come no mcdonald's?

— Como. — franzi a testa.
Ele me olha nos olhos em silêncio.

— Que foi? — sorri

— Pensando. — estreita os olhos leve. — Acho que a gente não pode ir comendo no carro, né? — pergunta baixo.

— Certeza que não, mano. — rio. — Quer descer pra comer?

— Eu quero.

Ele me dá um sorriso envergonhado ao admitir e rio assentindo.

— Tá bom... moço, pode parar no próximo mcdonald's? — perguntei.

Ele nos olha pelo retrovisor concordando.

— Paro sim.

— Opa... valeu. — ele agradece.

— Obrigada!

O silêncio voltou a predominar entre a gente e a música parece ficar mais alta.
O toque inicial da música começa e acende a sua tela do celular que toca.
Convite de casamento, Gian e Giovanni.
Fechei os olhos rindo mentalmente.

— A gente morou cresceu, na mesma rua como se fosse o sol e a lua, dividindo o mesmo céu... — ele canta.

Ele canta no ritmo exato baixo e mexe as pernas na melodia.

— Meu pai adorava essa música.

— Seu pai sempre teve um bom gosto. — sorri de lado.

Ele me dá um sorrisinho reconfortante que não precisamos dizer mais nada.
Paramos em frente ao mc, que duas ruas para baixo fica minha casa.

— Dá b.o de te verem comigo? — perguntei.

Ele ia me dizer algo, mas conseguiu ver do que se tratava a conversa. Um grupo de adolescentes vem descendo a avenida e ele faz uma careta.

— Não muito... só vai ser meio paia pra você. — dei os ombros.

— Vamo' sair daqui rápido.

Peguei o lanche que ele pediu no aplicativo e saímos atravessando a rua.

Como tudo deve ser - Pedro OrochiOnde histórias criam vida. Descubra agora