*Narrador
Sexta-feira - 19h40 - 1989.
A garota sorriu ao terminar de se arrumar e se olhar no espelho. Ela escuta os irmãos se despedindo da mãe e corre em direção a sala.
- Espera, eu também vou. - ela fala animada, Samuel a encara com pena já sabendo o veredito do irmão e Sergio suspira.
- Não, você não vai.
- Por favor, eu já estou pronta.
- Sérgio... Ela se arrumou toda e eu cuido dela, nós podemos... - Samuel começa a falar, mas com o olhar de repreensão do mais velho, ele resolve ficar quieto.
- Sinto muito, pitchula. - Sérgio fala se aproximando da irmã. - Não podemos levar você hoje, no próximo você vai.
- Você sempre fala isso, Sérgio. - a mais nova esbraveja.
- Querido, leve ela hoje. - a mãe para ao lado da filha, limpando as mãos molhadas no avental. - Ela vai se comportar, não vai, querida?
- Eu prometo. - a menina sorri e Sérgio suspira.
- Vai ficar no palco, não quero você na multidão. - ele fala de maneira séria e a garota comemora dando pulinhos e indo na direção do irmão, o abraçando. - E pode tratar de pegar uma blusa, eu não vou emprestar a minha para ninguém. - ele fala de maneira séria, mas Alice e Samuel já estavam do lado de fora da casa.
- Sergio, você é o melhor irmão mais velho que eles poderiam ter.
- E eu tenho escolha? - ele resmunga enquanto a mãe da risada e beija seu rosto.
...
Alice acompanhava do canto do palco enquanto os irmãos e o amigo tocavam.
- GUNS N' ROSES. - ela escuta alguém da plateia gritar.
- Olha, nós até tocamos. - Bento fala enquanto arrumava a guitarra no corpo. - Mas alguém precisa vir cantar.
A garota sentiu um choque percorrer seu corpo ao ouvir a fala do amigo e quando ela se dá por si, já está correndo em direção ao microfone que estava no meio do palco. Antes que ela consiga segurar o microfone, a mesma esbarra com alguém e só não vai em direção ao chão porque a pessoa a segura.
- Alice! - ela escuta Sérgio a chamar, mas seus olhos vão de encontro aos olhos castanhos do rapaz que a segurava.
- Me desculpa, eu não te vi e... - ela é interrompida pelo rapaz de cabelos longos.
- Deve estar tão empolgada quanto eu para cantar. - o rapaz fala tentando segurar a risada, ela se endireita e ele a solta. - Se machucou? - era preocupação genuína em sua voz.
- Não, eu estou bem. - a garota sorri sem graça. - Bom, pode cantar. - ela se vira e sente algo segurar seu pulso com certa delicadeza.
- Chegamos aqui juntos e podemos cantar juntos.
Alice se vira para olhar os irmãos, Sérgio a encarava de forma séria e Samuel sorri para a irmã, a encorajando.
- Bom, temos uma disputa pelo microfone pessoal. - Bento fala tirando o microfone dele do apoio e seguindo até os dois. - De um lado temos ela, a minha favorita da família Reoli... Alice!
As pessoas da plateia gritam e a garota sente o rosto queimar de vergonha.
- Isso aí é marmelada hein. - o rapaz ao seu lado fala fazendo uma voz engraçada, a qual Alice não conseguiu evitar e acabou dando risada.
- E do outro lado temos o rapaz cabeludo da plateia... Qual seu nome, cara? - Bento pergunta.
- Alecsander, mas podem me chamar de Dinho.
- Do outro lado temos Dinho, o cabeludo da plateia. - Bento entrega o microfone dele para Dinho. - Agora cantem.
- Sabe cantar aquela da criança doce? - Dinho pergunta enquanto Bento voltava para o seu lugar e Alice o encara com a sobrancelha arqueada.
- Sweet Child o'Mine? - ela pergunta e ele assente. - Eu acho que sei e você?
- Eu tenho certeza que não sei, mas nós damos um jeito.
A música começa e Alice se arrepende instantaneamente ao ver a plateia a encarando. Dinho percebeu que a garota estava nervosa e começou a cantar, ele fazia gestos e caminhava pelo palco de forma extrovertida. Seus inglês não era tão bom e isso era fato, mas ele conseguiu contagiar a galera. Mas foi quando ele se ajoelhou em frente a garota e cantou o refrão que a plateia foi a loucura.
Dinho terminou o refrão e continuou ajoelhado e com a mão estendida para a garota, ele permaneceu em silêncio, esperando que ela continuasse. E foi ali naqueles segundos que tudo passou em câmera lenta e Alice se lembrou de todas as vezes em que performou essa música em seu quarto, quando segurou a mão do rapaz foi como se toda a vergonha saísse de seu corpo e ela começou a cantar.
No início estava cantando com o pouco de inglês que sabia, mas depois resolveu ir na onda de Dinho e dar aquela abrasileirada nas palavras que não sabia. Bento começa o solo e Alice e Dinho pulavam pelo palco como duas crianças, do outro lado a plateia pulava e gritava da mesma forma. Os três integrantes da banda estavam chocados com o que estava acontecendo, a multidão aumentava cada vez mais e eles nunca tinham presenciado uma plateia tão animada dessa forma.
- Where do we go? - Alice canta e Dinho faz o falsete no fundo. - Where do we... - ela não consegue continuar e cai na risada, enquanto Dinho continuava fazendo o falsete e os "Ai" que compõem a música.
A música acaba e o rapaz ainda ofegante volta a sua primeira posição e se ajoelha em frente a garota.
- Alice... - ele olha ao redor e vê o rapaz com o baixo gritar "Reoli". - Alice Reoli, meus amigos.
A plateia bate palma e Alice não conseguia evitar o sorriso que estampava seu rosto de orelha a orelha. Ela segura a mão do rapaz que se levanta e ambos se abraçam rapidamente, o cheiro do perfume do homem preencheu suas narinas e ela tinha certeza que não esqueceria aquele cheiro tão cedo.
---------------------------------------------------------
Sejam bem vindos a minha nova fic com os nossos meninos, espero que gostem da Alice o tanto que gostam da nossa Diana.
Escrito: 29.10.2023
Postado: 10.01.2024
VOCÊ ESTÁ LENDO
Em seu sorriso - Dinho Alves (Mamonas Assassinas)
Teen FictionAtormentada pela pressão constante da sociedade sobre a sua aparência, Alice nunca se imaginou sendo amada, mas e quando o amor vem de quem ela menos espera? Nutrindo um amor secreto por seu melhor amigo, ela é pega de surpresa ao descobrir que é re...