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*Alice

Os meninos resolveram arrumar a cozinha, já que eu que cozinhei e no final das contas me arrependi profundamente. Eles não sabem lavar uma louça? Claro que sabem, é o mínimo. Porém quando junta cinco crianças, água e qualquer tipo de sabão é claro que não vai dar certo.

Coloco as mãos na cabeça ao ver a cozinha toda molhada e os cinco a minha frente cheios de espuma. Samuel passa as mãos no rosto, afim de tirar a espuma e força um sorriso ao me ver.

- Oi, pitchulinha. - meu irmão fala sorrindo sem graça.

Abro a boca para falar e os cinco me encaram apreensivos, respiro fundo e dou meia volta, seguindo para o meu quarto.

Pego meu diário que estava embaixo do travesseiro e me sento de frente para a penteadeira, começo a escrever sobre o meu dia e quando dou por mim, estava escrevendo sobre Dinho. Largo a caneta assustada e encaro o nome no caderno, o que aconteceu?

- Alice, você... - Sérgio entra no quarto e eu fecho o diário com força, ele me encara desconfiado. - Quer ir tomar sorvete?

- Quero, claro. - forço um sorriso.

- O que está fazendo? - ele pergunta me encarando com a sobrancelha arqueada.

- Eu? Nada? Quer dizer... Nada!

- E eu achando que o Samuel era o único dodói da família. - ele resmunga e sai do quarto. Me levanto e guardo o diário novamente, ainda meio atordoada com o que tinha acontecido vou para a cozinha. - Vamos?

- Vocês vão assim? - pergunto encarando os cinco.

- Assim como? - Bento pergunta confuso.

- Encharcados? - pergunto e Dinho olha ao redor, ele encontra o pano de prato e pega o mesmo. Observo ele esfregar o pano de prato no cabelo e rosto de cada um.

- Pronto, fácil de resolver. - ele sorri e eu dou risada. Pego o pano de prato da mão dele e saio da cozinha, coloco o pano no tanque e acompanho eles que já estavam no portão.

- Espera, vocês vão pagar? - pergunto para Sérgio e Samuel. - Eu estou sem grana.

- Por que nós pagaríamos? - Samuel pergunta de forma cínica.

- Porque vocês são os mais velhos, é obrigação de vocês cuidarem da irmãzinha linda, ingênua e frágil de vocês. - falo colocando as mãos na cintura.

Samuel gira as mãos e coloca na cintura também, me imitando.

- Então nesse caso o Sérgio que vai pagar para nós dois. - ele fala e Sérgio o encara incrédulo.

- Eu? Por quê?

- Porque como irmão mais velho, é sua obrigação cuidar dos seus irmãozinhos lindos, ingênuos e frágeis. - ele responde forçando a voz e me imitando.

- Puta que pariu, viu. - Sérgio resmunga.

- Então o Sérgio vai pagar para todo mundo? - Dinho pergunta animado.

- O quê? Ficou louco? - meu irmão pergunta indignado.

Dinho segura as pontas da camiseta e começa a se balançar como aquelas crianças pidonas.

- Mas é sua obrigação como o mais velho cuidar dos seus irmãozinhos e amiguinhos frágeis, ingenuos e qual era a outra coisa mesmo? - ele pergunta confuso e eu dou risada.

- Lindos. - respondo.

- Não tão lindos, uns mais que outros é claro. - ele complementa e Sérgio revira os olhos. 

Em seu sorriso - Dinho Alves (Mamonas Assassinas)Onde histórias criam vida. Descubra agora