Prólogo

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Dizem que quando você faz algo completamente improvável, algum tipo de magia acontece no universo.

Na verdade, o que acontece quando você toma a decisão de sair da sua zona de conforto e fazer algo completamente aleatório, totalmente fora dos seus padrões, algo inimaginável e que você definitivamente não faria num dia comum, é que um leque de opções também improváveis se abre.

Você meio que quebra a Matrix, entende? Buga o seu próprio sistema que está programado pra fazer sempre as mesmas escolhas previsíveis.

Força o universo a conspirar a seu favor.

Ou contra. Mas é um tiro no escuro.

Cada passo que você dá fora da sua zona de conforto é como lançar uma semente ao vento, sem saber exatamente onde ela vai pousar, se vai vingar, brotar, crescer. Ou ser carregada por um pássaro para alimentar seu filhote no ninho e desaparecer.

Não dá pra saber. E essa é metade da magia.

Imagine que você faz sempre, religiosamente, o mesmo caminho pra casa todos os dias. Mas um dia decide virar à esquerda e seguir por uma rua diferente, que aumenta em dois minutos o trajeto total até o seu destino.

Nessa rua, você encontra uma livraria que nunca tinha percebido antes - por obviamente nunca passar por ali - e o leque mágico de opções que não existiria se você tivesse virado à direita se abre à sua frente, e você precisa escolher:

Você passa direto e segue seu caminho até em casa para não estender o trajeto ainda mais do que em dois minutos. O que poderia ser um transtorno.

Você para pra olhar a vitrine e percebe que na verdade se trata de um sebo, com livros usados, e que lá dentro existe um café charmoso, que você automaticamente já inclui na sua lista de lugares possíveis para passar uma tarde de folga, mas segue seu caminho pra casa. E observe: Nessa opção, você não usufrui imediatamente do efeito que aquela decisão de ter virado à esquerda poderia causar. Mas também não a descarta. Talvez só a protele. Mas devo alertar: Talvez você perca o timing. E timing é tudo.

Você entra, encontra um exemplar raro de Orgulho e Preconceito e sente que já valeu a pena ter virado à esquerda só por isso. Mas ao se sentar pra tomar um café, um cara fofo - que está sentado em outra mesa lendo outra edição do mesmo livro, e com isso, romanticamente totalmente compatível com você - se levanta e vem em sua direção falando: "Boa tarde, Caríssima, será que eu poderia ter a honra da sua companhia?", até puxar uma cadeira e se sentar de frente pra você porque você diz que sim.


Então observe: Na primeira opção, você não ganharia absolutamente nada por seguir o mesmo caminho enfadonho até em casa.

Na segunda, talvez você ainda tivesse a sorte de encontrar o mesmo exemplar do seu livro favorito se ninguém tivesse chegado antes. Mas teria perdido a companhia e o potencial do misterioso Mr. Darcy, porque ele só entrou naquela livraria naquele dia porque teve uma entrevista de emprego no prédio ao lado. Onde ele infelizmente não seria contratado, e pra onde ele nunca mais voltaria pelo resto de sua vida.

E, bom...O resto é história. E eu poderia contá-la para você em muitos detalhes, e eu adoraria, porque esse tipo de história de amor é o meu favorito. Mas estou aqui pra contar a minha, que começa exatamente com uma dessas pequenas decisões que alteram todo o resto do curso da sua vida.

Essa é a história de quando eu destruí a minha zona de conforto e tomei a decisão mais improvável da minha vida. A mais louca, a mais radical e inimaginável para alguém como eu.

É a história de quando eu decidi me matricular em uma academia.

E de tudo que aconteceu por causa disso.

PROJETO VERÃO (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora