15_ Lembrança do mal.

26 6 17
                                    

Derek

Cidade Humana Péres,
América do Sul.
Uma hora antes.

Abri a janela da varanda e caminhei a passos calmos até a grade de proteção. Me apoiei no ferro observando a água da piscina refletir sob as luzes que a clareavam na escuridão da noite.

- Tivemos visitas?- a voz de Arthur soou as minhas costas.

Me virei escorando no ferro e cruzando os braços ao o avaliar dos pés a cabeça. Estava descalço e a única coisa que vestia era um de meus shorts de moletom. Tinha o jogo eletrônico que estava em alta em mãos e seus dedos ágeis apertavam os botões do aparelho. Seus olhos fixos na pequena tela mostravam o quão concentrado estava.

Quando ele iria largar isso?

- Você reparou em mais alguma coisa, além desse troço na sua mão?

O som de uma breve musica me fez descer os olhos para o jogo. Não era um som agradável de se ouvi, odiava essas invenções, tenho quase certeza que foram feitas para tornar seus usuários seres alienados. Arthur ficou praticamente o dia todo pendurado nisso sem sequer perceber o que estava acontecendo. Por isso nunca me interessei em tirar essa coisa da caixa, presenciava essa cena constantemente na escola.

- Na verdade, não, estou preso em um nível aqui, está difícil sair.- arqueei uma sobrancelha.

- Eu percebi que isso realmente está te prendendo, vou te ajudar a sair dele.

Dei alguns passos e arranquei o objeto da sua mão tendo sua atenção pela primeira vez, quebrei o aparelho ao meio o silenciando e o ofereci de volta. Ele ficou imóvel por alguns segundos piscando vez ou outra e pegou o objeto sem tirar os olhos de mim. Olhou para o aparelho com uma cara de pesar.

- Não era bem esse tipo de ajuda que eu precisava.- falou baixinho, neguei descrente. Ele voltou a me encarar gesticulando com as peças na mão e a testa franzida em confusão. - Como pode não entender o que quis dizer? - suspirei.

- Arthur, você sequer reparou que estava cercado por estranhos não humanos, se eles estivessem vindo para outra coisa que não fosse limpar a casa, com certeza, não iria poder contar com a sua ajuda.- tive sua total atenção.

Não que eu fosse precisar dela, daria conta de todos eles sozinho!

- Não humanos?

- Eu não sei o que eram, mas com certeza, não eram humanos e muito menos iguais a nós.

- Como tem tanta certeza?

- O cheiro deles é diferente, e pelo pouco que escutei, são telepatas.- ele arregalou os olhos surpreso.

- Telepatas? Caramba, que doideira! - suspirei esfregando os olhos com os dedos.- O que foi, eles leram tua mente?- o encarei negando.

- Não sei.- suspirei cansado, sentia minha cabeça latejar .- Não faço a menor ideia.

- Isso é muito suspeito. - ele coçou a cabeça pensativo.

- Também achei, mas foram embora assim que terminaram a faxina, então não tem porque ficar pensando muito.

Estava com muitos problemas pra ficar pensando nisso também!

Mesmo com aquela conversa suspeita. Era óbvio para mim que eles não fariam nada comigo aqui dentro. Seja lá como, sabem que sou mais forte que eles.

Passei por ele entrando no quarto e me deitei na cama agarrando um dos travesseiros. Os passos quase imperceptíveis de Arthur me fez olha-lo. Ele se encarava no espelho pensativo.

O Lobo SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora