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Thomas

Alcateia Lerak,
América do Norte.

Observava Stella correr no campo gargalhando e olhando a todo instante para trás. Provavelmente estava sendo perseguida pelo seu gato selvagem.

Encontrei o animal em uma das minhas viajem e o trouxe para ela. Por não ter irmãos como as crianças daqui, passava a maior parte do dia sozinha. Assim que voltei do Sul ela me pediu um irmãozinho. E para fazê-la esquecer essa ideia absurda, eu dei o gato.

Voltei meus olhos para a cesta de frutas ao meu lado pegando um morango e comendo com os ouvidos atentos nela. Senti a presença da loba e ouvi suas pisadas leves e rápidas vindo da floresta a nossa direita. Por mais que ela estivesse a vista, o laço nos permitia sentir um ao outro a uma certa distância.

Me deitei na toalha em que estava sentado e pus as mãos embaixo da cabeça apreciando a vista e o clima agradável naquela manhã de domingo.
Ouvi o grito estridente de Stella e me sentei abruptamente olhando o campo a sua procura. A avistei sentada alisando o braço com uma careta.

Laura surgiu saltando por uma moita empolgada com a língua de fora. A loba parece outra pessoa quando estava nessa forma. Talvez aquele jeito alegre e empolgante fosse sua verdadeira personalidade. Ouvi dizer que ela era uma pessoa alegre e divertida antes de me conhecer.

O que é difícil de acreditar!

Me levantei caminhando com calma até Stella e me agachei ao seu lado verificando seu braço.

- Se machucou, filhota?- ela me olhou com um bico concordando. Massageei seu braço lhe oferecendo um pequeno sorriso.- Então vou dar um beijo, assim a dor vai passar, o que acha! - ela concordou limpando as lágrimas com a mão suja de terra.

Beijei sua pequena mão e fui subindo os toques pelo seu braço. Fiz cócegas nela para fazê-la esquecer da queda e a mesma gargalhou. Missão cumprida!

Parei com os gestos assim que senti a presença da sua mãe ao meu lado. Ergui os olhos para ela a observando. Já estava de volta a sua forma humana, vestida em um short jeans curto e uma camiseta branca que não cobria quase nada.

- Filha, pegue o Toby, está na hora de voltarmos para casa.

Observei Stella se levantar correndo na direção do gato. O bicho correu dela entrando na floresta e eu soltei uma risadinha da cena.

Pobre Toby, não aguenta mais o sufocante cuidado da dona!

O suspiro ao meu lado me faz tirar a atenção da filha para a mãe. A observei fazer um coque no alto da cabeça distraída e com o costumeiro ar sério.

Meus olhos desceram pelo seu corpo. Estava mais bronzeada esses dias e parecia ter ganhado peso desde que começou a correr nos finais de semana. Ela era magra e alta, suas curvas eram discretas, mas ainda assim, era atraente. Os cabelos lisos e medianos tinham tomado uma aparência sedosa, a pele estava avermelhada e seu calor era sentindo com sua recente transformação.

Por mais que eu admirasse a beleza inumana da mulher a minha frente. Não conseguia sentia atraído. A enxergava como qualquer outra mulher.

Nunca entendi o propósito de Selena quando me ligou a ela. Dizem que almas gêmeas tendem a se atraírem uma pela outra. Se conectam de tal forma que o laço só desperta o amor que está ali adormecido. Na primeira troca de olhar, a paixão é acendida. Mas isso não aconteceu com a gente. Não tínhamos tal conexão.

Éramos mesmo almas gêmeas?

Lembro que quando a encontrei, só pensava na mulher que tinha deixado na minha cama em Péres. Tinha noção que nasci com uma alma gêmea, mas pensei que era Melissa. A humana por quem me vi perdidamente apaixonado na juventude.

O Lobo SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora