Derek
Cidade Humana Péres,
América do Sul.Desliguei o chuveiro observando o vapor no box aos poucos se dissipando, abri a porta de vidro caminhando a passos lento até as toalhas penduradas ao lado do grande espelho pegando o roupão. Parei olhando meu reflexo um pouco abatido pela noite mal dormida.
As gotas de água pingavam dos meus fios preto em meu rosto e pescoço. Desci os olhos observando as quatro cicatrizes que pegavam da lateral do meu peito descendo até meu umbigo. Suspirei negando.
Essas não vão sumir tão cedo!
Por mais que me cure em uma velocidade anormal, as cicatrizes demoram para desaparecer, dependendo da profundidade do ferimento, duram anos.
Olhei para a marca funda no ombro da mordida que levei de um daqueles caras. Ouvi passos se aproximando e a porta do meu quarto sendo aberta. Vesti o roupão e saí do banheiro enxugando os cabelo com a toalha de rosto. Corri os olhos pelo espaço encontrando mamãe sentada na minha cama passando a mão no meu travesseiro distraída.
Ergueu os olhos me encarando com seriedade. Estavam levemente inchados e vermelhos, com profundas olheiras a vista. Aquilo me deixou preocupado, provavelmente ela passou a noite de sua folga em claro em meio as lágrimas.
Não era a primeira vez que me deparava com essa cena, sabia que ela era a que mais sofria com os meus sumiços e isso me chateava, mas não podia fazer nada se nem eu mesmo me governava. Fazia de tudo para ser um bom filho, só que nos últimos tempos, estava sendo difícil manter esse papel.
- Não dormiu em casa, onde estava?
- Na casa de Arthur.
Eles sabiam da existência dele, mas nunca o viram. Acredito que só acreditavam que o mesmo existe porque Alice e Sérgio confirmaram, por sorte eles não deram detalhes dele, não sabia como os dois iriam reagir se o visse.
- É mesmo?- ela se levantou passando a mão nos cabelos e soltou uma risadinha desanimada me encarando.- Eu liguei para Marta ontem e ela me disse que Arthur está sumido a mais de uma semana, você não dormiu lá, porque assim como você, seu amigo anda fugindo de casa.- riu negando e apontou o dedo para si.- Eu não sou idiota, Derek, mas você está me fazendo se senti como uma.- sua voz embargou me deixando inquieto.
Dei um passo na sua direção, mas parei quando a mesma levantou a mão e se virou de costas.
- Mãe, me desculpa.
- Desculpas, desculpas e mais desculpas.- ela se virou gesticulando alterada.- EU ESTOU CANSADA DAS SUAS DESCULPAS, VOCÊ SOME POR DIAS, PASSA NOITES FORA E VEM COM DESCULPAS! - levantei as mãos calmo, mesmo sentindo um leve incômodo com sua alteração.- FAZ ANOS, DEREK, ISSO NÃO É DE AGORA, é de ANOS, quando você vai parar de pedir desculpas e me dizer a verdade, filho!?- suspirei profundamente.
Sinceramente, não sei!
- Mãe, por favor, se acalma.
- MÃE!?- riu negando.- Você realmente me considera a sua mãe?- aquelas palavras me atingiram como um tapa. Ela negou chorando.- Eu já não sei mais o que pensar.- senti meus olhos arderem com as lágrimas, inspirei fundo me recusando a deixa-las cair.- Se não confia na gente para contar o que está acontecendo, então...- parou negando e levando a mão a boca.
Toques leves e receosos foram ouvidos na porta. Quase soltei um suspiro de alívio com aquela interrupção, já não sabia o que dizer. Mamãe me deu as costas penteando os cabelos e caminhou para a varanda. Pigarreei.
- Pode entrar.- falei e Alice pôs a cabeça para dentro intercalando o olhar entre mim e mamãe de costas com certa cautela.
- Desculpa a interrupção, mas Dona Léia, o pessoal da faxina chegou e...
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O Lobo Selvagem
Hombres LoboApós séculos e séculos sem um líder supremo, os lobos clamaram por um, mas a deusa Selene só os concedeu o pedido milhares de anos depois. Derek nasceu... e por causa das circunstâncias da vida foi separado dos seus ainda recém nascido. Crescendo e...