O Lobo Selvagem

11_Suspeitas.

Derek

Cidade Humana Péres,
América do Sul.

Os olhos amarelos e brilhantes piscaram e suas presas apareceram quando eu me aproximei mais da janela. Pude ouvir seu rosnado baixo a cada movimento meu. Parei quando o mesmo começou a dar passos vagarosos e silenciosos na minha direção. Ele estava a mais de cem metros de distância, mas eu sabia que esse espaço poderia ser encurtado em poucos segundos. Estava sendo furtivo e cauteloso.

Me pergunto o que ele estava vendo em mim para agir dessa maneira?

Fiquei parado com os olhos atentos a cada movimento seu, não sabia suas intenções, então manteria a cautela. Observei curioso o seu corpo. Parece que ele não conseguiu completar a transformação. 

Cadê o rabo dele?

Fui tirado dos meus devaneios com o seu salto a pouco mais de três metros de distância para o telhado da cabana. Seu movimento me pegou de surpresa. Para dar um salto desse, era preciso ter força. Muita força!

- Interessante.- sussurrei olhando para cima.

Ouvi seus passos abafados se movimentando até pararem no centro daquele compartimento e tudo ficou silencioso por alguns segundos. Ouvi um som irritante de garras se arrastando no telhado até elas aparecerem entre as telhas encaixadas. Ele arrancou uma arremessando longe. Seus olhos amarelos e brilhantes apareceram na pequena abertura.

O que ele está fazendo?

Ele olhou em volta até parar ao me ver o observando. Arqueei uma sobrancelha com seu comportamento nada sutil.

- Se está tentando me intimidar, está perdendo o seu tempo.- falei impassível.

Ele soltou um rugido alto me fazendo fechar brevemente os olhos e começou a arrancar mais telhas. Saltou pelo buraco que fez, caindo no piso silenciosamente e ficou de quatro rosnando baixinho e mostrando as presas em uma clara ameaça. Neguei devagar já prevendo seu ataque.

- Não faz isso, cara.

Ele pulou na minha direção com a boca aberta me fazendo segurá-la antes que alcançasse meu rosto. Senti suas garras perfurarem minhas costelas e rasgarem minha pele. Grunhi trincando os dentes enquanto meus pés se arrastaram no piso de madeira com suas investidas. Minhas pernas tocaram na mesinha de centro e tropecei caindo de costas.

A queda o fez caí em cima de mim me fazendo baixar a defesa por tempo suficiente para o mesmo avançar com as presas na direção do meu ombro. Desviei da sua mordida a tempo o afastando pelo pescoço e segurei o seu pulso parando as garras a centímetros do meu rosto. Ele rosnou furioso saindo de cima de mim e agarrou minha perna me arremessando com brutalidade pela sala.

Senti o impacto com a madeira e o estrondo que o meu corpo causou ao atravessar a parede. Arregalei os olhos quando o vi saltando pela abertura abrindo sua boca o suficiente para devorar meu rosto. Esse maluco...

Fechei os olhos com força cruzando os antebraço na frente do rosto e parando o tempo torcendo para que ele não tenha tal habilidade. Porque se tiver, perderei minha cabeça nesse momento.

Senti o impacto da queda e esperei a mordida, mas ela não veio. Abaixei os braços abrindo os olhos devagar o vendo imóvel no ar. Meu corpo relaxou instantaneamente com a visão. Pela primeira vez na vida estou grato por ter tal poder.

Soltei um suspiro e levei a mão a minha costela com uma careta incômoda avaliando meus ferimentos. A ferida já estava cicatrizando, mas a blusa polo azul não tinha mais salvação. Perdi minha blusa favorita e a culpa era toda minha. Estou apanhando à toa!