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Morwen Athalar
Lady Morwen Athalar, filha de Apollion Athalar, Alto General de Valbara. Irmã de Orion Athalar, mestre-espião e torturador oficial do rei de Valbara. Segunda herdeira da casa e do nome Athalar. Morwen Athalar. Athalar.
Minha nova identidade ecoa em minha cabeça enquanto as criadas me preparam para o massacre iminente.
As três trabalham com rapidez e eficiência, nunca conversam. Nunca fazem perguntas, embora devam ter vontade — mas não é como se pudessem. Não fale nada, deviam ter alertado-as. Elas não têm autorização para conversar comigo, e com certeza não tem autorização para falar sobre mim com ninguém antes da minha exposição ao público. Não tinham permissão nem para perguntar sobre as coisas estranhas que devem ter descoberto ao meu respeito: sobre as iminentes questões de como eu estava aqui, como havia chego no castelo sem que ninguém soubesse ou, pelo principal: quem eu era.
Por muitos e agonizantes minutos elas tentam me tornar apropriada; tentam me tornar a bonequinha de exemplo que devo ser a partir de agora se eu quiser voltar para casa e descobrir qual a relação da minha mãe com esse lugar de merda.
As mulheres me ajudam no banho, então tenho que intervir quando alguém aparece segurando uma tesoura, prestes a se desfazer de metade do comprimento do meu cabelo. Me afasto, impedindo-as de continuar com seus planos sórdidos. Elas parecem inquietas, como se eu estivesse quebrando uma regra vital para esse lugar, mas não dou a mínima. Em seguida, elas me colocaram sentada em frente a penteadeira e, enquanto duas delas se encarregam de desembaraçar meus cabelos e trançá-los, outra começa a deslizar, de forma suave, pincéis e cosméticos de maquiagem sobre meu rosto.
Quando abro os olhos, a figura que me encara pelo reflexo parece ter menos idade do que eu realmente tenho. Meus olhos foram sombreados com um leve esfumado preto nas bordas, e alguma coisa com partículas brilhantes fora colocada sobre a maior parte da minha pálpebra móvel e sob a linha d'água dos meus olhos, ressaltando o anel prateado envolta das minhas pupilas. Alongaram meu olhar com um fino delineado usando kajal; minhas bochechas receberam uma adorável tonalidade de blush rosado e, em minha boca, era algo parecido com gloss que destacava meus lábios. Meu grosso e comprido cabelo preto foi preso em tranças, então foram unidas para cima em um lindo coque que dava a impressão de eu ter sido coroada. Duas mechas frontais foram deixadas soltas, as pontas roçando meu queixo quando eu inclinei o rosto, surpresa demais com a aparência jovial e sofisticada que as mulheres conseguiram me proporcionar.
Para o final, elas me colocaram dentro de um vestido tão lindo que, por um segundo, não consegui me mover ou respirar, aterrorizada ao ponto de imaginar que os botões das costas iriam estourar e me deixariam completamente mortificada. O corpete é justo e feito com renda preta, com lindas e delicadas mangas compridas feitas de organza preta transparente. A saia tinha ao menos duas camadas de finos tules, dando um leve volume ao principal tecido preto cheio de pequenas pedrinhas brilhantes. A saia se iniciava de um preto profundo na cintura, então se abria em um preto mais suave a partir dos joelhos, que se transformava em um cinza escuro até se mesclar com um branco acinzentado.
Quando a criada se afastou do closet, indo até o quarto buscar os sapatos escolhidos, ergui um pedaço da saia até meu rosto e, examinando bem, constatei que as dezenas de pedrinhas brilhantes espalhadas pelo tule degradê eram diamantes. Diamantes em sua mais pura essência. Com os lábios apertados, abaixei o tecido quando a mulher voltou ao quarto. Internamente lancei uma oração à Penélope, agradecendo minha amiga onde ela estivesse por todas as malditas horas em que me ensinou a andar de forma decente sobre saltos de quinze centímetros.
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{AU CCity} O Outro Lado
FanfictionMorwen Tsalie Kvaternik não acreditava em magia. Não acreditava em contos de fadas ou qualquer espiritualidade em coisas que eram explicadas apenas como "milagre". Morwen era cética. Completamente racional da cabeça às pontas dos pés. Sendo a arqueó...