☽ Capítulo 09 ☾

25 5 3
                                    

☽◯☾

Morwen Athalar


Havia sido uma verdadeira surpresa minha manhã ter sido iniciada com um chamado do rei.

Elisabeth ajudou a me arrumar e, quando eu estava dentro de um vestido simples e comprido feito de veludo preto, com uma maquiagem apropriada para o dia e sobre saltos prateados, a governanta sorriu para a minha imagem que refletia no espelho de corpo todo. Ela trançou meu cabelo e o prendeu em um coque outra vez.

— Você não pode ficar chateada porque eu estou te chamando de Beth — provoquei, atravessando o quarto até ela. A mulher segurava a porta aberta, me esperando. — É só um apelido carinhoso.

— Nossa relação deve permanecer estritamente profissional — fiz uma careta, quase vislumbrando um sorriso em seu rosto.

— Você é quase como uma mãe: me acorda de manhã, me traz café e ainda me deixa lindíssima para essa corte cheia de gente feia — ela soltou um bufo, segurando a risada. — Me diga que é mentira que Lacey fica mordida de inveja por me ver tão linda nesses vestidos e no penteado que você faz?

— Agora entendi porque você e Bryce se dão tão bem — uma voz masculina soou à minha esquerda. — Vocês duas têm um ego enorme.

Ithan estava encostado em um pilar, de braços cruzados e olhos em mim. Um sorriso divertido curvava um canto de sua boca. Vestia o uniforme preto rotineiro de guarda-costas e a espada polida estava embainhada em suas costas.

Permaneci parada em frente a porta do meu quarto, cruzando os dedos em frente ao meu corpo e olhando para ele com receio. Ele pareceu tão furioso ontem, quando nos deixou na biblioteca. Aposto que ainda estava furioso com minha negligência em me negar a ajudar as bruxas — da qual ele pensava que também eram meu povo. Elisabeth o informou sobre onde eu estava sendo requisitada e o garoto assentiu, ainda de olhos em mim. A governanta me lançou um olhar de advertência antes de desejar bom dia e seguir pelo corredor até o seu outro afazer do dia.

— Bryce comentou sobre a sua... ajuda — ele finalmente diz, a voz suave e arrependida. Os olhos castanhos brilhavam com o mesmo sentimento. — Desculpe ter gritado com você ontem. Eu fui um idiota de cabeça quente.

— Tudo bem — dei de ombros, me aproximando e abrindo um sorriso fraco. — Eu já fui chamada de coisas muito piores por alguns dos meus acionistas.

As sobrancelhas do sentinela se franziram.

— Eu não sei o que são acionistas.

Pelo tempo que levamos para cruzar os corredores do castelo em direção ao escritório do rei, explico para Ithan o que é um acionista; conto à ele sobre minha profissão e a natureza do que trabalho, as dificuldades da arqueologia e todas aquelas descobertas, as pesquisas e catalogações que, sinceramente, ele não parece interessado. Então passo a contar a ele sobre alguns itens do meu mundo: eletricidade, meios de transporte contemporâneos, aparelhos eletrônicos... Ithan estava completamente obcecado em tentar entender como funciona uma televisão quando chegamos ao corredor do rei.

— Então essa tal... televisão — a palavra é estranha nesse idioma. Foneticamente é igual a minha língua materna, mas com um sotaque molhado do idioma desse lugar. — É como um espelho mágico?

— Não, não — dou risada, acenando negativamente. — É... complicado. Mas dá para assistir muitas coisas na tela. Imagine a tela de uma pintura, então imagine que essa tela pode te mostrar qualquer coisa que você quiser ver. De entretenimento, é claro. Apesar que existem muitos canais jornalísticos, mas a maioria é de entretenimento. Você poderia assistir uma peça de teatro na sua casa, em qualquer lugar. Geralmente chamamos essas apresentações teatrais de filmes.

{AU CCity} O Outro LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora