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Morwen Athalar
Rei Einar de Valbara me encara com os olhos amortecidos de um corvo circulando um cadáver: paciente, esperando para me devorar no segundo em que eu baixe a guarda. No segundo em que eu falhar.
Debato brevemente dizendo que assassiná-lo não seria uma má ideia, até que lembro que garotas normais e fúteis de uma corte real num palácio não matam pessoas, muito menos um rei. Ou falsificam suas identidades porque atravessaram um espelho mágico que as trouxeram para outra dimensão.
Normal, penso comigo mesma. Completamente e totalmente normal, porra. Eu deveria agir normalmente, como uma daquelas damas da realeza num dos livros fantásticos que eu lia quando era mais nova. Bata seus cílios. Ria como se você não tivesse nada em sua cabeça. Pelos malditos deuses desse mundo infernal, o que meninas da realeza, afinal, fazem?
Eu já havia ido a duas ou três festas de alguém da realeza europeia, sabia como aquela vida era glamurosa, cheia de regras e etiquetas, o interior dos castelos sendo uma descoberta arqueológica e artística de se explorar, mas eu não sabia como era aquela vida. A rotina diária, as funções, os objetivos... era tudo criado na minha mente, supondo que a vida de alguém da realeza deveria ser chata e regrada e tediosa e sem qualquer liberdade e autonomia.
Mas, viver isso na minha própria pele, quando eu era a CEO de uma empresa arqueológica famosa e podia fazer tudo o que eu bem entendesse... era difícil pra cacete fazer meu cérebro, sempre tão racional, acreditar onde eu estava: prestes a me ajoelhar para a porra de um rei que tinha a magia de uma estrela dentro de si, fluindo pelo seu sangue odioso.
Talvez eu pudesse perguntar para Bryce como, na prática, era essa vida a longo prazo. Talvez até mesmo Hypaxia ou Deborah, tão gentil — eu perguntaria a elas mas, atualmente, estamos ocupadas demais nos afogando em renda e cetim e seda e sob os olhares silenciosamente julgadores de todos os nobres da sala.
Bem, as outras três Noivas estão. Eu, na verdade, estou rindo internamente da maneira como eles cuidadosamente inclinam suas cabeças horríveis em um falso respeito por mim e pelas outras. Mesmo que o rei ainda não tenha dito uma palavra, ouço os sussurros mais afastados da corte, comentando sobre cada garota.
Comentam sobre o peso de Deborah, e sinto a menina curvar a cabeça mais fundo, como se, com sua inquestionável lealdade, o príncipe pudesse esquecer seus quilos a mais. Como se estivesse envergonhada por uma coisa que, na verdade, a deixava ainda mais deslumbrante. Por uma fração de segundo me compadeço com ela, porque também não sou o corpo padrão de modelos magras, altas e estonteantes, mas eu sabia que as coisas eram diferentes aqui. Parecer mais atraente do que a garota ao seu lado é o nome do jogo que suas mães ensinam desde o nascimento. Para essas garotas, beleza era o bilhete dourado que as levaria ao ápice de suas vidas. Com beleza, elas conquistariam o coração do herdeiro valbarano.
Suas mães as ensinaram a serem atraentes... minha mãe havia me ensinado a ser corajosa e destemida, com uma pontinha de selvageria em meu coração, e nada mais.
Sussurram sobre a ancestralidade do progenitor de Hypaxia, a dúvida de quem ele era e como Hecuba Enador jamais contou à eles quem o homem era. Acham que Hypaxia seja bastarda, mesmo que sua mãe tivesse jurado sob os deuses e o rei de que Hypaxia era filha de seu falecido marido.
Ouço o nome de Lacey entre as fofocas, e meu risinho de deboche a deixa fervilhante de onde está ajoelhada, entre Hypaxia e Deborah. Será que ela já se recuperou?, é o que alguém sussurra. Pobrezinha da menina Black, ela tinha tantas febres quando criança. É uma benção que esteja forte o bastante para aparecer para o Acolhimento Estrelado.
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{AU CCity} O Outro Lado
FanfictionMorwen Tsalie Kvaternik não acreditava em magia. Não acreditava em contos de fadas ou qualquer espiritualidade em coisas que eram explicadas apenas como "milagre". Morwen era cética. Completamente racional da cabeça às pontas dos pés. Sendo a arqueó...