Era uma manhã normal e quente de verão quando o universo decidiu mudar sob os pés do Chato Harry. Harry tinha acabado de guardar cuidadosamente a louça lavada do café da manhã quando ouviu a correspondência passar pela porta da frente.
Seguindo a rotina diária, Harry se esquivava de seus parentes numerosos (o primo Dudley, maior do que nunca) e recolhia a correspondência. Ao voltar para a cozinha, ele vasculhou os cupons e as contas e ficou surpreso ao descobrir que uma grande carta em papel estranho era endereçada a ele. Harry ficou imóvel no corredor por um breve momento, olhos verdes opacos piscando como uma coruja por trás dos óculos de garrafa de coca-cola. Harry não sabia o que fazer, então completou a rotina matinal.
Harry enfiou a carta no bolso largo da calça jeans (um pouco, já que era muito grande) e deixou o resto da correspondência na mesa da cozinha, perto do cotovelo rechonchudo de tio Válter. Tio Válter não pareceu notá-lo, mas notou as cartas e começou a folhear as notas com raiva.
O primo Dudley olhava estupidamente para a televisão, com um pedaço de ovo grudado no queixo. Tia Petúnia conversava ao telefone com o vizinho do outro lado da rua, reclamando do gramado do Sr. Bell, com o longo fio telefônico em espiral enrolado a seus pés como uma cobra de jardim. Assim que Harry se convenceu de que estava sendo completamente ignorado e estava livre pelo resto do dia (afinal, era sábado e ele só tinha as tarefas de jardinagem para fazer), ele escapuliu para seu armário.
Assim que a porta foi firmemente fechada, Harry puxou uma corda das vigas. Uma lâmpada macia e nua ganhou vida e Harry olhou para a letra pesada com estranhas letras verdes em relevo.
'Senhor. H Potter, O Armário Sob as Escadas, Rua dos Alfeneiros, 4, Little Whinging, Surrey”, dizia. Harry murmurou as palavras lentamente, confuso. Ele não conhecia ninguém que lhe enviasse uma carta. Na verdade, Harry não conhecia ninguém que soubesse que ele morava embaixo da escada, além de tia Petúnia, tio Válter, primo Duda e talvez tia Marge. Tia Marge era a única candidata concebível a enviar-lhe tal carta, mas a mulher detestava Harry e fingia que ele era invisível muito antes de Harry se tornar Não Visto. Talvez fosse uma correspondência publicitária, o que deixou Harry desconfortável.
Harry levou alguns momentos respirando fundo antes de se convencer a abrir a carta assustadora. Depois de retirar a borda do envelope (e olhar para o grande selo de cera), Harry ficou surpreso ao ver várias cartas enfiadas no pacote. Ele leu o conteúdo com os olhos arregalados lentamente. Foram necessárias algumas leituras lentas antes que Harry se sentasse em sua cama no armário embaixo da escada e olhasse sem ver para o teto coberto de teias de aranha.
Embora fosse chocante e um pouco inacreditável, as cartas faziam sentido apesar das palavras estranhas e dos termos confusos. Harry sabia desde muito cedo que ele era Especial (embora ele não soubesse se isso era bom ou ruim), então descobrir que ele era um bruxo não foi tão surpreendente. Na verdade, Harry não ficaria alarmado se tia Petúnia e tio Válter também soubessem, visto o quanto eles odiavam Coisas Estranhas. Fazia um certo sentido inverso, o tipo de lógica com a qual Harry se sentia mais confortável.
Junto com a carta havia um mapa para o 'Beco Diagonal' via 'Londres trouxa'. Harry não sabia o que isso significava nem como retornar uma confirmação de sua intenção de frequentar Hogwarts. Harry sabia que alguns anos atrás ele estaria muito assustado e preocupado para acreditar nesta carta. Na verdade, se ele tivesse acreditado na carta, teria ficado com muito medo de concordar. Mas desde que se tornou invisível, Harry descobriu que era muito fácil fazer coisas quando ninguém estava olhando.
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O Intocável (Tomarry) - | TRADUÇÃO |
FanfictionQuando é pequeno, Harry descobre algo muito especial: ele pode realizar seus desejos. Literalmente. Em que um menino descobre uma maneira de passar despercebido e as profundas consequências que se seguem. O que acontece quando você aprende a se torn...