Running - Ohmleng

Capítulo 13 - A Corrida

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Há cinco anos atrás estabeleci uma rotina específica: Acordar por volta das seis da manhã, ir para a academia e, depois, nadar. Normalmente faço isso na companhia de um amigo, mas quando não encontro ninguém disponível, não considero isso uma quebra de rito, apenas uma eventualidade.

Sabe o que não é uma casualidade? Estar me preparando para competir em uma corrida profissional!

Quero dizer, são seis da manhã e eu deveria estar, como de costume, a caminho da academia. Lá é uma zona segura; diferente do lugar em que me encontro agora, rodeado de rostos desconhecidos, e pilotos com mais experiência que eu.

"Eu sou só um piloto amador com pretensão esportiva, não deveria estar aqui." - penso e, talvez, eu esteja hiperventilando um pouco.

_ Ohm? Você está bem? - questiona alguém tocando meu ombro.

Olho para o lado, e encontro o Leng estudando meu rosto cautelosamente.

Tento sorrir, mas a julgar pela cara de preocupação do Leng, não fui suficientemente convincente.

_ Estou bem, só um pouco nervoso. - asseguro.

Ele suspira, e destampa a garrafinha de água que tem entre as mãos.

_ Aqui, bebe um pouco. - diz me oferecendo a garrafa.

Aceno em agradecimento, e bebo um pouco do líquido sentindo-o forçar caminho pela minha garganta como se estivesse empurrando um bloco de cimento goela a baixo.

"Definitivamente não ajudou em nada." - penso em desagrado

Devolvo a garrafinha a ele.

Ele suspira outra vez.

Deve estar sendo difícil para ele me aturar agindo igual uma criança ranheta.

_ Você poderia me dar um abraço? Ajudaria muito. - digo estendendo os braços igual um garotinho pedindo o colo da mãe.

Ele sorri e, sem hesitar, me abraça.

"Isso sim, faz diferença." - penso envolvendo-o em meus braços, e enterrando o nariz em seu pescoço.

Como sempre, o aroma doce e delicado de madressilvas invade os meus sentidos e, automaticamente, sinto os músculos do meu corpo relaxarem.

Aumento o aperto em volta da sua cintura trazendo ele para mais perto de mim. 

_ Eu amo o seu cheiro. - sussurro baixinho como se estivesse lhe confidenciando um segredo.

Ainda com o nariz colado em sua pele, sinto os pelos do seu pescoço arrepiarem. 

Ele se afasta e, olhando para os lados, evita fazer contato visual comigo.

_ V-você não comeu nada ainda... Quer que eu compre algo? Você não deveria correr de estômago vazio. - diz ele tentando disfarçar seu constrangimento.

_ Não estou com fome, mas concordo com você. É melhor eu comer alguma coisa. - digo descansando o braço em seu ombro.
_ Você também não comeu nada, certo? - questiono guiando ele em direção a uma das barracas de comida espalhadas pelo local.

Quando fui buscá-lo em sua casa não era nem cinco da manhã. Duvido que ele tenha tido tempo para comer alguma coisa.

E agora que paro para pensar no assunto, não consigo acreditar que o Leng acordou às quatro da manhã para me ver correr.

"Ele é incrível!" - penso afetuosamente.

Pouquíssimas pessoas fariam o que ele está fazendo por mim; e esse é mais um motivo para que eu me esforce e tente dar o meu melhor durante a corrida de hoje.