Capítulo 3 - 100%

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Eu definitivamente não sabia o que estava fazendo. Sério, levar uma pessoa estranha para jantar na minha casa? Que ideia foi essa?
 
Apesar que... Bom, a ideia não foi minha, certo? Mas talvez eu devesse simplesmente ter me negado a aceitar. O Ohm não parece ser uma pessoa autoritária. Ele apenas sugeriu, e eu aceitei, mas se eu tivesse dito um categórico "não", acredito que ele não teria insistido.

Sendo inteiramente sincero, não acho exatamente ruim estar levando ele para a minha casa. Apenas acho estranho. Eu também não acho que ele tenha tido alguma má intenção ao dar a ideia. Na verdade, acho que para ele é algo normal.

Mas, o quão normal é se autoconvidar para ir a casa de alguém que você não encontra há anos? Não sei, talvez eu esteja apenas sendo antiquado.

Dou uma espiadinha no banco do passageiro onde ele está sentado, cantarolando uma música qualquer. Ele parece tão despreocupado, inocente e tranquilo, que me sinto um idiota por pensar mal dele.

Decididamente é algo normal para ele.

Admiro a forma como ele batuca com os dedos ao acompanhar o ritmo da música.

Foi ideia minha ligar o som, assim como foi ideia minha a gente ir no meu carro. Sério, eu precisava me sentir no controle da situação pelo menos um pouquinho. E, felizmente, o Ohm não fez nenhum tipo de objeção. Na realidade, acredito que ele quis me deixar um pouquinho mais confortável.

E por falar nisso...

Penso na forma como ele segurou a minha mão, e me tranquilizou quando eu estava prestes a ter um colapso nervoso na produtora.

Ele também não se importou com o meu atraso, e quis me dar tempo para pensar na minha decisão de trabalhar ou não ao seu lado.

Ele foi tão...

Incrível!

Sensível e empático, compreensivo e educado. Um verdadeiro cavalheiro!

É isso. Eu de fato estou sendo um idiota por pensar mal dele.

Sem falar que é tarde demais para arrependimentos...

Estaciono o carro.

Nós chegamos.

_ Uau! Isso foi rápido. - o Ohm diz assim que eu retiro o cinto. Ele faz o mesmo.

_ Sim, como você pode ver, a agência não fica longe.

_ E isso é excelente! Assim você nunca mais chegará atrasado. A menos, é claro, que o estagiário esqueça de pagar a conta de luz novamente. - diz ele piscando um olho.

_ Nem brinque com isso! Eu quis morrer quando percebi que chegaria atrasado no nosso primeiro encontro. Achei que você fosse pensar que eu era um desleixado, que não sabe se programar direito. - faço um bico amuado.

_ Tudo que eu consigo pensar é que você fica fofo quando faz bico. - diz ele sorrindo.

_ E você ficava uma gracinha quando saia tropeçando nas próprias pernas nos corredores do colégio. - rebato, com uma piscadela.

Ele ri ainda mais.

_ Errado. Eu continuo tropeçando nas minhas próprias pernas, ou seja, continuo sendo uma gracinha. 

Minha vez de sorrir.

_ Certo, Sr. Desengonçado, vamos entrar. - saio do carro, e faço gesto para que ele me siga.

Ele solta um assobio.

_ Cara, sua casa é enorme.

_ Proporcional ao tamanho do meu azar. Sério, ainda não acredito que fiquei preso no elevador. Ficarei traumatizado para sempre.

Running - Ohmleng Onde histórias criam vida. Descubra agora