Capítulo Oito

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Eu nunca achei que ouvir um grito da minha irmã seria tão desesperador, porque eu sei que não é porque ela me viu que ela está gritando.

E sim, pelo garoto ao meu lado.

— Meu Deus, meu Deus, o Jão tá na minha casa!

Eu não falei?

Olhei para o lado e vi que ele estava com um meio sorriso.

— Oi Vitória, como você tá?

— Meu Deus, ele sabe meu nome!

— Óbvio que ele sabe, ele te conhece desde que tu tem uns nove anos pirralha — falei com desdém.

— O quê? — ela pareceu confusa.

— Não vou perder meu tempo explicando porque você é burra, enfim — voltei a atenção para os meus pais que assistiam a cena confusos. — Aquele cantor que eu amava e que a Vic tá surtando agora, é justamente o Jão, esse desnutrido aqui.

— Qual foi Layla? — o Jão perguntou aparentemente indignado.

— É, qual foi? Por que você tá falando assim do Jão? — minha irmã se intrometeu na conversa.

— Você cala a boca porque eu posso. Enfim, surpresa — falo com um sorriso sem graça.

Meus pais não demonstraram muita surpresa. Na verdade, minha mãe não perdeu a oportunidade de me humilhar mais uma vez.

— Agora tá explicado porque você chorava.

— Mãe, mais uma gracinha e eu me deserdo da família.

— Continua mãe, ai as coisas dela ficam tudo pra mim.

Por que irmão mais novo é um bicho tão interesseiro?

— Cala a boca Vic. Enfim, é isso, o Jão vai ficar aqui enquanto eu vou resolver minhas coisas na faculdade.

— O JÃO VAI FICAR AQUI?

— Tá surda, peste?

— Ai, sua grossa. Mas então Jão, quer ir dar olhada no antigo quarto da Lay?

O João abriu até um sorriso.

— Opa, claro que eu quero.

Ela puxou ele até meu quarto e eu ia seguir eles, até minha mãe me interceptar.

— Filha, você tem certeza que tá bem com isso?

Minha mãe sabe do que aconteceu anos atrás, então eu esperava esse tipo de pergunta.

— Eu tô mãe, muito bem, obrigada. Não precisa se preocupar.

Ela me puxou até a cozinha, onde ficamos longe dos ouvidos apurado do meu pai.

— Filha, você sabe que eu só quero teu bem. Eu gosto muito do João, mas não quero te ver triste daquela forma de novo se acontecer algo.

— Eu não vou mãe, aquilo tudo foi só um grande mal entendido que em algum momento eu vou contar pra senhora detalhadamente a história.

— Por que não agora?

— Porque o João e a Vitória estão no meu antigo quarto, e eu quero aquele quarto inteiro.

— Então você vai lá, depois você volta aqui e me conta isso direito. Inclusive, vocês dois vão almoçar aqui, que vocês devem tá morrendo de fome.

— Mas mãe, eu queria resolver logo essa questão do meu ex emprego e da minha faculdade pra poder voltar logo pra São Paulo... O Jão tem show no sábad- — ela me interrompeu.

Aɪɴᴅᴀ Tᴇ Aᴍᴏ, Imagine JãoOnde histórias criam vida. Descubra agora