Capítulo Três

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“Um bom filho a casa torna.”

Essa frase nunca fez tanto sentido para mim quanto agora.

Tá, tudo bem que eu nasci e cresci no Rio, mas eu nunca senti que lá fosse meu lugar de verdade. A primeira vez que eu senti que algum lugar era meu lar foi dia 17 de dezembro de 2012, quando eu vim para São Paulo para poder procurar algum lugar para morar enquanto tivesse estudando na USP.

Nunca teve um dia sequer em que eu não fui feliz nessa cidade. Tá, teve um único dia, mas eu não quero lembrar dele, senão eu vou aproveitar que ainda estou no aeroporto e vou voltar para o Rio.

— Nervosa?

— Pra reencontrar os meninos? Pra caralho.

— Relaxa, vai dá tudo certo.

— E se eles não me reconhecerem?

— Layla, a última coisa que pode acontecer é isso. Você não mudou quase nada, só que foi ficando mais linda com o passar dos anos.

— Você quase me faz acreditar nisso Malu.

— Quem precisa te dizer isso pra você acreditar? O Jão?

Eu virei o rosto, não queria ter que pensar mais ainda no fato que trabalhar para o Jão possa significar trabalhar com o João.

— Para, eu acredito em você, tudo bem? Agora, por favor, me leva pra um hotel, eu preciso dormir. Que ideia de girino foi essa de sairmos do Rio de madrugada?

— Foi o único horário que eu consegui pra gente chegar ainda hoje. Todos os outros vôos não tinham mais lugares disponíveis.

— Tá, depois eu te xingo por isso. Eu quero dormir, me leva pra um hotel.

— Hotel é o caralho, vamos pra minha casa. Só hoje não tem problema você ficar por lá.

— São cinco da manhã, pelo amor de Deus, vamos logo.

Se eu não dormir, eu vou entrar em colapso.

— Tá, vamos lá.

Pegamos um táxi e fomos para o apartamento da Malu, chegamos lá e eu já estava praticamente dormindo no elevador.

— Aguenta só mais um pouco Lay, a gente já chega.

— Quando eu acordar, eu juro que vou gritar contigo.

— Chegamos — saímos do elevador.

Ela destrancou o apartamento e entramos. Ela me levou direto para o quarto dela.

— Pode dormir na minha cama.

— E você?

— Eu durmo com você, a gente já fez isso tantas vezes.

Era verdade.

— Tá bom — eu só tirei o meu tênis e deitei.

Apaguei na hora.

♪ ♪ ♪

— Layla, já é uma hora, acorda.

Eu abri meus olhos e a primeira coisa que eu vi foi a Malu com uma bandeja na minha frente. Eu teria voado no pescoço dela, mas como a bandeja tinha comida, não pude fazer isso.

— Eu ainda tô com sono, você me fez sair do Rio duas da manhã.

— Você estava avisada disso.

— Eram duas da manhã! — quase berrei.

— Tá bom, me desculpa. Mas agora eu preciso que você levante, coma e se arrume.

Aɪɴᴅᴀ Tᴇ Aᴍᴏ, Imagine JãoOnde histórias criam vida. Descubra agora