Cap 3 - A profecia começa

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P.O.V Pedro Tófani:

Estou na minha sala, procurando alguma coisa pra assistir, sozinho e inquieto, como sempre, apenas mais um dia comum.

E eu estava cansado desses dias comuns

Todo dia a mesma coisa. Acordava, tomava café, saía pra caminhar, voltava, tomava banho, fazia caça palavras, fazia as coisas do meu trabalho -já que no momento estou tendo que trabalhar na parte digital- e pronto, o resto do dia, eu acompanhava séries e filmes, redes sociais? Não posto nadinha, apenas vejo as coisas que postam. Não tenho amigos, minha família está distante, não consigo socializar, não consigo gostar de mim mesmo

Eu sinto falta de quando eu era uma criança, apenas uma criança sozinha e indefesa, com 1 único amigo, João Vitor

Ele podia ser meu único amigo, mas ele era O amigo. Nós fazíamos tudo juntos, viviamos grudados. Conversávamos sobre tudo, tudo mesmo. E descobrimos uma opinião em comum que ninguém mas tinha:

Não acreditar na profecia.

Não é exatamente não acreditar, mas simplesmente não entender! Nós não conseguimos entender. No dia que ele me contou ficamos a tarde inteira conversando sobre.

João Vitor era a melhor pessoa que se poderia ter como amigo. Ele me ajudava em tudo. Sempre me escutava quando eu estava mal, me protegia quando iam mexer comigo, e tinha o melhor abraço do mundo.

Mas um dia, minha mãe me deu uma carta, uma carta escrita de giz de cera colorido. Ela tinha um semblante triste. Eu peguei a carta e abri.

E o que tinha escrito na carta?

"Pedro eu te odeio te odeio te odeio te odeio, te odeio te odeio te odeio te odeio te odeio te odeio! Eu nunca mais quero te ver! Fica longe de mim! Não quero mais a sua amizade! Eu. Te. Odeio!"

Claro, a carta estava com erros ortográficos, e mais algumas coisinhas já que foi feita por uma criança de 5 anos, e faz um tempo que não leio ela de novo -sim, eu guardo ela- . Quando eu li aquilo, eu só sabia chorar, chorar e chorar. Por que ele tinha feito isso comigo? Nós nem havíamos brigado! Eu não tinha feito nada! Me tranquei no quarto e tudo no que eu pensava era o quanto o seu abraço me confortaria naquela hora. Não conseguia parar de pensar no meu amigo, ele era a melhor pessoa que eu conhecia, por que isso tava acontecendo?

Mesmo com 5 anos, me senti odiado pelo universo, por ter me enviado uma pessoa tão boa, e no final, tirar ela de mim como se não importasse. Por que comigo? Por que?!

Vou ser sincero, apartir daquele dia, nunca mais consegui fazer amigos pelo medo do abandono. Fiquei sozinho praticamente minha vida inteira. Até por que, minha mãe, naquele dia, disse que nós íamos nos mudar, pelo trabalho dela e pra eu ficar longe do João Vitor, pois ele tinha me feito mal.

E quanto minha família hoje em dia? Bom, depois de meus 15 anos, já comecei a me planejar pra sair de casa. E você me pergunta: "Mas você não gosta da sua família?" "Eles não gostam de você?"

Nenhuma das duas opções. Mas eles nunca apoiaram meu sonho, ser ator e diretor de televisão, e quando eu digo nunca, é nunca mesmo.

Até meus 13, eles tentavam não deixar explícito, mas a partir daí, eles já jogavam na lata, diziam que não ia me dar futuro, que me criaram pra ser uma pessoa bem sucedida, uma pessoa digna, com status grande, e que eu estava jogando o esforço deles fora.

Eu cansei de tentar me explicar. Aos 18, com tudo planejado, joguei umas verdades que eles precisavam ouvir na cara deles, e saí daquela casa. Voltei pra cidade em que eu havia nascido, onde a profecia havia se iniciado e crescido. Então tudo lá era mais, "mágico". Também é a cidade em que havia conhecido João Vitor, mas acho que ele já nem deve estar mas aqui, e sendo sincero? Mesmo que estivesse, não quero saber dele.

Um dos meus sonhos, ser diretor, está perto de se tornar realidade, já ator? Ainda está distante.

Mas eu não tinha motivação nem pra começar, nem pra continuar o que há havia começado. Tem horas que penso o que teria acontecido se eu não tivesse me mudado. Se eu tivesse me entendido com meu amigo. Será que ainda seríamos amigos hoje em dia? Será que ele ainda ia escutar meus desabafos enquanto me abraçava pra me confortar? Ia me entender acima de qualquer coisa? Eu não sei, só sei que estou cansado, e revoltado com tudo isso!

Coloco um filme na TV, pego meu café e meu pãozinho, e sento no sofá. Hoje nem saí pra caminhar, já que está tendo o evento "mais importante do mundo". A cerimônia de magia, prefiro nem acompanhar essas coisas. Termino de tomar meu café da tarde, coloco o prato e a xícara na pia e volto a assistir o filme.

Enquanto assistia, percebi que o céu tinha escurecido quase que completamente. Estava carregado de nuvens. Parecia que uma tempestade estava a caminho

Eu sempre amei tempestades, por mais que isso seja estranho. Dês de pequeno já tinha essa paixão. Lembro de quando eu e o João Vitor sentamos na varanda coberta de minha casa, e ficamos assistindo a tempestade acontecer

Ignorei o fato, e voltei a assistir meu filme. Só que, no meio do filme, escutei um barulho estrondoso. Parecia que um raio imenso tinha acabado de cair. Até por que a energia caiu por uns segundos. Não é normal ter raios tão imensos assim. Ia voltar a assistir meu filme. Mas a queda de energia me deixou sem internet, então apenas me ajeitei no sofá e esperei.

Mas assim que me ajeitei, vi aqueles brilhos mágicos entrando pela minha janela, por que eles estavam aqui? Se perderam no caminho?

Antes que eu pudesse reagir ou fazer algo. Aquele coisa vem em minha direção e atinge meu peito

Sinto uma dor forte em meus olhos, uma sensação estranha em meu peito, meu coração pulsando rápido e não consegui respirar por alguns segundos.

Depois que consegui voltar a respirar, abri os olhos devagar com eles ainda dolorido. O que tinha acabado de acontecer?

Estava com a respiração ofegante como se estivesse acabado de correr 2 quilômetros, saí correndo pro banheiro pra me olhar no espelho, e assim que olho. Meus olhos brilhando. Mas não de forma comum. Eu tinha acabado de receber magia?!

Não, aquilo só podia ser brincadeira

Eu estava tendo um pesadelo né?

Não é?

Respirei fundo tentando me acalmar e olhei pro meu pulso

Merda

Duas marcas! Duas!

*As marcas em seu pulso*

P- Por que eu?! Eu sempre odiei essa merda!

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P- Por que eu?! Eu sempre odiei essa merda!

Já que estava sozinho, comecei a pensar alto

P- Eu não posso ser um escolhido, eu não quero ser um herói! Eu não quero ser um protagonista! Eu sou a pior pessoa pra isso!

P- EU NÃO QUERO SER UM MOCINHO DE CONTOS DE FADAS!

P- Eu nunca acreditei nessa merda toda, então, se for pra essa profecia realmente existir, e o fim do mundo acontecer eu vou fazer com que aconteça!

Pronto, eu estava decidido. Tantos heróis e vilões por aí, e essa profecia nunca se realiza. Já que eu vou ter que agir, eu vou agir.

Vou dar um fim nisso

Agora sim, a profecia começa

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