Luzes e Passos - [NOVELETA]

Parte IX - Disagio

Ele cruzou a praça como coiote, correu para casa como joão-de-barro, subiu as escadas como esquilo.

Chegou ao seu lar de mãos vazias. Ela já esperava aflita por ele; ouvira da varanda o grito amedrontado do povo. Ofegando com as mãos nos ombros de sua amada, grunhiu, quase chorando:

— Rápido, pegue o que for necessário e vamos embora daqui agora! Vá!

A mulher arregalou os olhos de susto, mas obedeceu instantemente. Tomaram cada um o pequeno tanto de roupa que lhes cabiam na primeira bolsa que encontraram.

— Aonde vamos? —, perguntou-lhe, já com o rosto vermelho e deformado pelo choro desesperado.

— Ao chalé do seu bisavô.

Conhecendo as matas escuras que enfrentaria, tomou a lamparina a óleo — pois a lanterna estava esgotada — e abandonaram a casa no mesmo minuto.