Parte XIV - Memorie

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  Por falar em infância, ele, quando percebeu o cheiro de fazenda que exalava nos arredores onde passavam naquele momento, foi refrescado com certo amargor pela lembrança da infância.

  Tudo era simples, e doía-lhe o tempo que não votaria mais; os ensejos limitavam-se às brincadeiras, mas agora ansiava um lugar para se esconder; os medos limitavam-se às palmadas da mãe, mas agora temia tão somente a sua morte e a de sua querida.

  O cicio dos galhos e folhas já não recordavam os tempos da juventude, do namoro, quando sentava sob as árvores para pentear os cabelos que tanto desejava ver sob um véu, enquanto ela narrava de um livro uma história romântica e sugestiva. Agora, os murmúrios da floresta soavam como se quisessem denunciá-lo às autoridades. 

  Tudo em volta amedrontava e intimidava.

  Seu único conforto era o de ter, talvez, poupado muitas vidas. Não sabia discernir, porém, se valera a pena colocar em risco, em favor delas, a vida daquela a qual valia mais do que todos os corações na praça.

Luzes e Passos - [NOVELETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora