Luzes e Passos - [NOVELETA]

Parte XIII - Risposte

  Mais à frente, com a estrada mais sinuosa e esburacada, diminuiu a velocidade. Foi a oportunidade que a mulher teve de perguntar:

  — Afinal, o que aconteceu, meu bem?

  — Eu arruinei os planos dos militares. Eles queriam pegar o povo de surpresa, mas eu lhes avisei.

  — E por que estamos fugindo?

  — Viram meu rosto. Bem de perto.

Ela apertou o rosto contra suas costas e chorou; estavam sob o jugo de um perigo iminente.

  Quando criança, um rapazinho pisou-lhe as sapatilhas novas e deu-lhe a língua. Coisa tão boba, mas em muito tempo não se lhe foi apagada da memória o rosto debochado daquele menino.

Se a inocência pode ser afetada pelo breve sentimento de vingança, ainda mais um sistema que se alimenta da corrupção moral e respira da falsa imagem dada de si por si mesmo. 

  De fato; jamais esqueceriam o rosto de seu marido.