Parte XVII - Inquietudine

4 2 0
                                    

  — E agora? —, ela perguntou olhando para o céu estrelado pela janela.

  — Não sei —, expirou o que lhe sobrava nos pulmões. Tomou a mão magra da amada e, ao se lhe molharem os olhos, confessou de novo, como que pedindo desculpas; — Não sei, meu bem.

  — Então esperamos aqui.

  Ela acolheu a cabeça exausta do marido em seu colo. Fez-lhe um carinho do jeito que gostava, do jeito que o fazia apertar-lhe os joelhos. Era bom sinal.

  — É tão bom não estar sozinho.

  — Sim, é.

  — Para você deve ser diferente.

  — Por que seria?

  — Não é você quem precisa de companhia.

  — Eu não estaria melhor se estivesse sozinha em casa.

  — Mas por minha culpa, de qualquer forma.

— É verdade; se você me tivesse abandonado em casa, eu estaria pior por sua culpa, porque você não tem direito de me largar e levar consigo a outra metade do meu coração.

Luzes e Passos - [NOVELETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora