Parte XIX - Intimità

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  Acordaram de uma péssima noite de sono. Animados pela necessidade, foram conferir o que ainda funcionava; abriram torneiras aqui e ali, mas a luz do sol parecia mais úmida do que aqueles canos. 

  — Tem um lago por ali. Podemos buscar água lá.

  Com os narizes congestionados por causa da poeira, andavam respirando o ar puro proporcionado pelas árvores. A relva tão verde e viva deixava o humor do casal um pouco mais alegre.

  Carregando dois baldes, iam relembrando as histórias dos anos passados. O tio que escorregou, a sogra que bebeu do copo errado, os primos que pregaram uma peça na irmã.

  Diante daquele laguinho de águas tão limpas, molharam as mãos e refrescaram os rostos. Tomaram, então, os baldes cheios e voltaram para casa. Almoçaram algumas frutas e folhas; era o que podiam ter, e comeram agradecidos.

  Na varanda, lugar aberto, tomaram a liberdade do isolamento absoluto e, com a água que trouxeram, lavaram os corpos juntos. Ato tão íntimo, simples, puro, que pôde alegrá-los pela manhã.

Luzes e Passos - [NOVELETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora