Trocaram as roupas e deixaram-nas penduradas na cerca da varanda. Passaram a tarde planejando o futuro; o que mais se ouvia era o silêncio, pois não tinham muito o que dizer. Talvez estivessem certos.
Quando o sol se punha, acenderam a lamparina. Deixaram-na sobre o peitoril da janela e se deitaram de novo. Com o conforto de amorosos beijos, ninou sua esposa, e ela repousou tranquilamente em seu ombro.
Ele, porém, ficou perturbado. Atacara-lhe novamente o escrúpulo da culpa, e sentia-se como mau marido. Deixou os olhos fixos na mescla escuridão da selva e do céu, das estrelas distantes e dos vagalumes tão fracos que passavam em frente à janela.
Algumas horas noite adentro, uma irradiação mais forte, imersa nas folhagens longínquas, fê-lo forçar as vistas. Levantou-se com tamanho cuidado que não acordasse sua amada e foi à janela para ver melhor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Luzes e Passos - [NOVELETA]
RomanceA ditadura torna-se cada vez mais violenta, e este casal preferiria abster-se e viver longe dos protestos. Certo dia, porém, um ato de coragem acidental mudaria o rumo de seus planos.