Parte XVIII - Sospettosità

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  Alguns animais caminhavam e quebravam galhos secos sobre a grama. Tudo era motivo de desconfiança. A cada vez que estremeciam de medo, enrijeciam os apertos e os consolos, e não se largavam por nada.

  A doninha sempre buscava a paz:

  — Foi só um bichinho. Se fosse homem, daria pra perceber desde longe. Fique bem.

  Puxou um pouco da saia e secou as lágrimas do marido, que já escorriam por profundo arrependimento e uma sensação de injustiça: ela não merecia viver aquilo. 

  — Vamos deitar logo. Não dá pra sentir fome dormindo. Amanhã vamos ver o que podemos fazer —, a moça sugeriu.

  Consentindo, deitaram no colchão encardido e fedorento, sem travesseiros ou cobertores. Ela, deitada sobre o peito dele, aconchegou-se com mais vigor logo antes de adormecerem, sorriu e mencionou:

  — Ainda dá pra sentir seu cheiro.

Luzes e Passos - [NOVELETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora