Juliette passou toda a manhã sentada na cadeira de balanço tentando acertar as ideias.
Agora já mais descansada ela conseguia visualizar os momentos antes do acidente.
A sua relação com Ricardo vinha atravessando uma fase atribulada. Eram discussões atrás de discussões.
A viagem de iate era mais uma tentativa de se acertarem, mas precisamente antes do acidente tinham voltado a discutir.
Juliette estava com Ricardo na proa do iate quando iniciaram a discussão porque ela disse não estar a resultar.
Ricardo desceu até à cabine e quando subiu passou por Juliette, deu-lhe um tchau e lançou-se à àgua já que o iate estava parado.
Ela não entendeu e no minuto seguinte viu-se à deriva agarrada a uma tábua.
Nadou para longe dos destroços, gritou pelo namorado mas não viu ninguém.Depois de muito nadar sentiu-se cansada e foi quando teve a ideia de amarrar a canga ao braço para tentar manter-se à tona.
Sentiu-se muito cansada e com frio e depois não sentiu mais nada até acordar na casa de um desconhecido.Rodolffo havia terminado de preparar o almoço e veio chamá-la.
Sentou-se ao lado dela e limpou-lhe as lágrimas que rolavam pela face.
- Não chore. Tudo vai correr bem?
- Sabe se houve mais sobreviventes?
- Duas pessoas foram logo resgatadas. Só você e um tripulante estavam desaparecidos.
- Então o Ricardo sobreviveu.
- O seu namorado, marido?
- Sim. Namorado.
- Vê, as coisas não são assim tão más.
Vamos almoçar? Depois preciso contactar as autoridades para virem buscá-la.- Podemos almoçar aqui fora? Por mim ficava aqui. Este lugar emana uma calma.
- Por isso eu escolhi para viver. Deixei a civilização. Enquanto eu estiver em paz não saio daqui.
- O Rodolffo pinta? Vejo ali umas telas.
- Sim. Como hobby.
- Eu faço artesanato como hobby. Com os materiais da natureza. Estas conchinhas da praia dariam óptimos trabalhos.
Sou formada em gestão. Trabalho numa multinacional. O Ricardo também. Foi lá que nos conhecemos. Namoramos há 2 anos.Rodolffo trouxe o almoço e no final Juliette pediu.
- Posso pedir para entrar em contacto com as autoridades só amanhã?
- Será que é o certo?
- Não é, mas eu queria poder desfrutar mais um pouco deste paraíso. Em todo o caso ninguém se deve importar com a minha ausência.
- Pode sempre regressar depois. Será bem vinda sempre que desejar.
Eu vou esperar até amanhã.- Obrigada.
Rodolffo ficou intrigado com a fala de Juliette mas não perguntou.
Passaram a tarde e noite a conversar.
Rodolffo mostrou-lhe as suas pinturas e os seus dotes musicais. Juliette estava fascinada com ele.À hora de deitar ele deixou a cama para ela e deixou-se ficar no sofá.
Juliette deitou-se mas pouco depois foi até à sala.
- Rodolffo, não é justo não dormir na sua cama. Ela é grande e cabemos perfeitamente os dois.
- Tem a certeza? Não quero que se sinta desconfortável com isso.
- Tenho. Venha para a cama.
Rodolffo deitou-se e ainda ficaram por mais algum tempo a conversar antes de irem dormir.
Habituado a acordar cedo, Rodolffo despertou com um peso no peito.
Juliette estava com a cabeça no seu peito, o braço na sua cintura e uma das pernas sobre as dele.Rodolffo sorriu e acariciou-lhe a cabeça. Tentou que ela o soltasse, mas ela apertou mais a mão na cintura e aconchegou-se mais.
Ele então não se mexeu e assim ficou durante mais meia hora.
Juliette começou a acordar e Rodolffo fechou os olhos fingindo dormir.
Quando ela percebeu que estava a abraça-lo, afastou-se rápidamente.Rodolffo esfregou os olhos, olhou para ela e perguntou como tinha dormido.
- Dormi lindamente.
- Vou fazer o café. Se quiseres podes tomar banho. Eu vou depois do café.
Juliette vestida com a roupa dele tomou café e eram horas de esperar as autoridades. Rodolffo já as tinha contactado.
Juliette tinha ficado mais triste de repente.
- Que foi Juliette?
- Nada não. Não se preocupe. Já dei trabalho demais.
- Fazemos assim! - trata-me por tu e vou anotar o meu contacto. Quando quiseres vir, vem.
Dá-me o teu número de telemóvel.Juliette deu e ele anotou com o nome Senhora do mar.
- Nem sei se ainda vou manter esse número.
Neste instante chegaram as autoridades marítimas e a polícia e Rodolffo foi inquirido sobre o resgate de Juliette.
Eram horas de despedida. Juliette entrou para ir buscar uma jaqueta que o Rodolffo tinha emprestado pois já ia esfriar e ele entrou junto.
No quarto dele deram um abraço apertado e ele fez uma festa na bochecha dela.
- Fica bem, miúda.
Ela segurou o rosto dele com as duas mãos e beijou-o nos lábios.
- Obrigada meu salvador. Nunca te esquecerei.
Segurou a jaqueta e saiu. Rodolffo saiu logo atrás e viu-a partir.A blusa que ela usou no dia anterior não a lavou. Colocou-a sobre o travesseiro em que ela dormiu só para sentir o seu cheiro.
Achou-se tolo mas não importava. Afinal ele tinha gostado de estar com ela.
Pegou numa tela virgem e começou a desenhar. Queria imortalizar o seu rosto para poder admirá-lo todos os dias.
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Senhora do mar
FanfictionO mar enrola na areia ninguém sabe o que ele diz bate na areia e desmaia porque se sente feliz