Após entregar a carta de demissão, Juliette ainda teve necessidade de voltar à empresa por questões burocráticas.
Assim que chegou recebeu um pedido de Ricardo para conversarem.
- Juliette, sei que disse coisas não muito bonitas no nosso término e peço desculpa.
- Não foi nada que eu já não soubesse, mas é a tua opinião. A mim pouco importa.
- Preciso da tua ajuda.
- Para quê?
- Estou sendo acusado de sabotar o iate e ter provocado a explosão. Preciso que deponhas a meu favor.
- Verdade? E porque será que isso não me surpreende?
- Também desconfias de mim?
- Quando me deste tchau antes de te lançares à àgua e lá na minha casa disseste que era para eu ter morrido em vez do outro moço, isso foi o quê?
Não vou depor a favor de ninguém. Eu realmente poderia ter morrido.- Mas eu vou convocar-te como minha testemunha.
- Problema teu.
- Despediste-te por quê? Vais para onde, fazer o quê?
- Para longe, fazer o que me der na real gana.
Apesar das redes sociais da Juliette não estarem actualizados Rodolffo descobriu o nome da empresa onde ela trabalhava.
Hoje encontrava-se na cidade depois de tantos meses afastado.
Dirigiu-se à recepção da mesma e foi informado do afastamento dela.Pediu o contacto dela mas foi-lhe negado. A recepcionista não estava autorizada a fornecer dados dos funcionários.
Iva, a recepcionista era uma jovem loira, bem parecida. Rodolffo usou de todo o seu charme. Esteve alguns minutos a conversar com ela sugerindo que Juliette deveria tê-lo apresentado a alguém para conseguir um lugar ali.
- Sabe Iva, eu preciso muito de um emprego. Eu tinha o número dela antigo mas acho que ela mudou.
Está a ver? Veja lá se não era este número?- Era sim. Vou dar, mas prometa-me não dizer que fui eu.
- Eu prometo. Aliás, nunca nos vimos, não foi?
Iva sorriu e passou-lhe o número.
- Linda, e que tal dar-me também a morada dela?
Se fizer essa gentileza sou bem capaz de passar por cá à sua saída para a convidar para um café. Sai a que horas?- Às 18 horas. Eu aceito o café.
- Anote aí a morada dela e temos acordo. Às 18 horas te espero na saída.
Com a morada nas minhas mãos lancei um beijo no ar para Iva e saí.
Perdão Iva, mas não vou poder cumprir o acordo. Não fui muito elegante mas os fins justificam os meios. O meu interesse é por uma morena, não uma loira.
Pensei telefonar mas com a morada nas mãos decidi arriscar e ir. Se ela não estava a trabalhar talvez estivesse em casa.
Toquei à campainha e aguardei. Voltei a tocar e ouvi passos dentro de casa.
Quando a porta se abriu, apareceu uma Juliette ainda mais linda do que eu imaginava.
Usava por incrível que pareça os meus shorts e um croped. O cabelo estava apanhado no alto mas alguns fios caíam pela cara, sem maquilhagem e descalça.
- Oi, disse eu.
Ela olhou-me com ar assustado e não disse nada. Olhava para mim como para um fantasma.
- Cooooomo meee achaste?
Entra.Entrei e ela fechou a porta.
A casa tinha um ar acolhedor pelo menos ali na entrada.
- Trocaste de número de telefone? Liguei várias vezes mas não te encontrei, até hoje.
- Não consegui encontrar o papelinho onde apontaste o teu contacto. Devo ter perdido na viagem ou no hospital.
- E como tens passado? Porquê deixaste o emprego?
- Acabei de fazer o almoço. Almoças comigo? E o mínimo que posso fazer para te retribuir.
- Com muito gosto. O que tens feito?
- Essencialmente pensar na vida. E no quanto ela me insatisfaz.
Como achaste a minha morada?- Subornei a Iva com um café. Coitadinha, vai ficar à minha espera.
- Isso não se faz. Eu já ligo para ela. É boa moça, não merece.
- Não queria dar-me o teu contacto. Tive que recorrer ao meu poder de sedução.
- Convencido. Presunção e àgua benta, cada um toma a que quer.
Vem, conversamos durante o almoço.Tinham passado três horas e eles continuavam sentados à mesa.
- E porque a menina continua a usar os meus shorts? Gostou mesmo, né?
- Eles lembram-me que apesar do acidente eu fui feliz por um dia.
Aquele teu cantinho é o paraíso.- Podias ter voltado.
- Eu não sei nada da tua vida. Não quero ser uma intrusa.
- Eu desejei que voltasses. Precisava voltar a ver-te, por isso vim.
- Vieste só para me veres?
- Sim. Não quero perder o teu contacto.
Eu sei que tens namorado mas quero ser teu amigo.- O namoro já foi para o beléleu logo que cheguei.
Aquelas palavras aqueceram o coração de Rodolffo que, no entanto ainda soltou um "lamento".
- Não há nada a lamentar. E o babaca ainda vai ser acusado de causar o acidente. Tenho a impressão que ele se queria livrar de mim.
- Com essa desconfiança devias ir à polícia.
- Não falemos dessas coisas. Voltas hoje ou ficas cá?
- Já é tarde. Fico cá. Vou ver como está a minha casa.
- Tens casa aqui?
- Sim. Quando fui embora não a vendi, mas estou a ponderar essa hipótese.
- Dorme aqui. Amanhã vais lá. Assim conversamos mais.
Juliette mostrou o resto da casa e acomodou Rodolffo no quarto de hóspedes.
Após o jantar ficaram na varanda a conversar e a tomar vinho.
Rodolffo queria pedir para ela ir com ele mas não teve coragem.
Já era madrugada quando deram boa noite e foram dormir.
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Senhora do mar
FanfictionO mar enrola na areia ninguém sabe o que ele diz bate na areia e desmaia porque se sente feliz