Encontro com o passado

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Rodolffo e Juliette acordaram bastante tarde.
O sol já ia alto nas nenhum dos dois tinha muito que fazer.

A prioridade era programar a mudança da Ju para a praia.

- Ju, vou ver como anda a venda da minha casa, mas agora bateu uma dúvida.

- O que foi?

- Imagina, nós daqui a 6 anos, casados e com filhos na escola.  Na praia não podemos morar, então vamos ter que regressar aqui para eles estudarem.

- Na vila tem escola.  É mais perto.

- Mesmo assim, teríamos que mudar para a vila.  Acho que vou suspender a  venda.

- Temos a minha para uma eventualidade.

- Fazemos  o inverso do Heitor.  De segunda a sexta na vila e aos finais de semana na praia.

- É.  Pode ser.  E quando as crianças vierem para a faculdade ficam aqui.
Aí nós já somos velhotes, só nos teremos um ao outro.

- Tens razão.  Mas ainda temos muito treino pela frente para virem os gaiatos.

- O que vais fazer hoje,  Ju?

- Quando vamos embora?
Vou começar a arrumar as minhas coisas.

- Olha, eu quero ir marcar o nosso casamento civil.  Se der casamos amanhã.

- Para mim não faz diferença um papel e uma aliança.

- Para mim faz.  Eu quero tudo direitinho.

- Então vamos tomar café e sair para tratar disso.

Passaram no cartório e marcaram a união para dali a uma semana.  Apenas precisavam de duas testemunhas.

- Tens alguns amigos que queiras ter como testemunhas,  Ju?

- Só pediria ao meu amigo advogado,  mas está fora de questão.   Não seria decente.

- Porquê?

- Ele declarou-se para mim a semana  passada.

- Quer a minha mulher, já é meu inimigo.   Sem hipótese.

- Tadinho!  É boa pessoa.

- Eu arranjo duas testemunhas.  Agora vamos almoçar e depois escolher as alianças.

Foram almoçar.  Já tinham feito o pedido e estavam conversando com as mãos entrelaçadas sobre a mesa quando Juliette vê uma moça se aproximando.

Rodolffo apertou ligeiramente as mãos de Ju à medida que ela chegava.

- Bom tarde Rodolffo.   Bom te ver.

- Boa tarde,  disse dirigindo-se a Juliette que apenas respondeu educadamente.

- Boa tarde, Rita.

- Já faz um tempinho.  Por onde tens andado?  Procurei-te algumas vezes.

- Desculpa, mas a minha vida não te diz respeito e não temos nada para falar.

- Em nome dos velhos tempos precisamos conversar.  O nosso assunto não está totalmente encerrado.

- Aí é que te enganas.   Não há qualquer assunto pendente entre nós e por favor respeita a minha mulher.  Viemos almoçar e não pretendemos que um erro do passado nos estrague a refeição.

- Desculpe moça, mas eu realmente preciso de falar com ele.  Outro dia eu procuro-te Rodolffo.

- Se eu souber de qualquer aproximação ao meu marido eu arranco essa peruca loira tingida.   Ele não disse já que não tem nada para falar?  Se dê ao respeito.
E agora baza daqui que a nossa comida está a chegar.

- Nossa, que grossa!  Mesmo o tipinho ideal para ti.

Juliette levantou-se e Rodolffo segurou-lhe no braço fazendo ela sentar.

- Não percas tempo com quengas.  Essa não merece a comida esfriar.

- Idiota.  Chifrudo.
E saiu rosnando mais alguns adjectivos não perceptíveis.

Juliette fez um carinho em Rodolffo.

- Vamos comer.  Já percebi que é a tua ex.  Não percamos o apetite por esta situação.

- Nossa,  pensei que ias partir para o tapa com ela!

- E ia.  Pelo menos um tapa ela levava.

Tentaram almoçar descontraidamente e esquecer o incidente.

Saíram do restaurante abraçados em direcção ao shopping que ficava perto.  Lá dentro entraram numa ourivesaria e viram diversos modelos de alianças.

- Estas,  Ju.  Gosto destas.

- São muito elaboradas.  Gosto mais simples.

- Simples demais.

- Tenho ali umas acabadas de chegar.  Ainda não estão catalogadas mas podem ver.

O dono da ourivesaria trouxe um par de alianças simples mas com uma gravação que muito lhes agradou.
A maior tinha um sol gravado e a menor uma meia lua.

- Perfeitas, disse Ju e Rodolffo concordou.   Se nos servirem levamos estas.

A dele ajustava -se perfeitamente mas a dela estava um pouco grande.

- Vieram dois pares.  Deixe ver que eu acho que o outro par é um número abaixo.

Veio a outra e ficava perfeita.

Fizeram a compra e saíram contentes.

- Amor, eu acho que ele se aproveitou de nós e salgou o preço.

- Também acho, mas nem estavam marcadas.  Deixa lá eu gosto delas e tu também.   Dinheiro é só um detalhe.

- Tens noção que vamos casar?

- Não.   Vamos assinar um papel.  Nós já casámos.  Hoje vou reservar um sítio especial para jantarmos e colocar as alianças na mão direita.

- Um pedido de  casamento?

- Sim mas eu já fiz o pedido ontem.  Hoje é só alianças.

- Um pedido a prestações.

Kkkkk, os dois soltaram uma enorme gargalhada, chamando a atenção das pessoas à sua volta.

- Vamos embora para não passarmos vergonha.

Ele passou o braço sobre o ombro dela, deu-lhe um beijo e saíram do shopping felizes.

Senhora do marOnde histórias criam vida. Descubra agora