capítulo 57

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Freen

Ela estava me pedindo perdão?

- Você não está mais com raiva de mim por beijar...? - Delicadamente colocou o dedo em meu lábio inferior. - Mas... mas... - olhei para baixo completamente envergonhada. -  Você terminou comigo...

- Esqueça tudo o que aconteceu nas últimas semanas. - Ela falou completamente assustada. - Por favor, vamos esquecer tudo, incluindo Faye Malisorn. - Aposto que ela iria chorar em algum momento. - E se você não quer esquecer, não importa, porque eu quero te amar e estou disposta a te conquistar mesmo que leve muito tempo pra isso. - Eu não percebi como ela havia se movido até que estava entre meus joelhos, a ponto de eles estarem separados apenas por um pequeno pedaço da cama. - Por favor, deixe-me mostrar que sou digna do seu amor.

Minha mente, atrofiada pela emoção, fez com que minhas mãos segurassem sua cintura e uma careta um tanto deplorável acabasse gravada em meu rosto. Minha cabeça estava torta, minha testa enrugada e minha boca entreaberta, como se isso me ajudasse a pensar com mais clareza.

- Então... - Eu não queria ficar pensando. - Você não quer acabar comigo de novo?

Becky sorriu.

- Não entendo como alguém tão terrivelmente pervertida e desconfiada pode ser tão desajeitada e doce. - Ela sussurrou enquanto acariciava cuidadosamente minha bochecha. - Eu já disse que amo sua carinha confusa?

- Não entendo. - murmurei. - Você... Você... Você não queria me ver. - Não aguentando mais, abaixei a cabeça. - Você não acredita em mim, você não acredita que eu... eu... - Eu não queria chorar. - Eu te amo, por favor acredite em mim.

- Acredito em você. - Ela murmurou, enxugando aquelas lágrimas erráticas que  haviam escapado. - Eu deveria ter acreditado em você antes. - Em um pequeno movimento e acabei com ela deitada em cima do meu peito. - Você me ama mais do que ninguém, você me ama com dedicação e devoção. Eu... eu quero te mostrar que eu te amo do mesmo jeito e não há como eu deixar minha linda escapar. - Seus lábios tocaram os meus, mas ela não me beijou. - É, digo... Se você me permitir. - Aqueles lindos olhos me encontraram e quebraram minha própria alma de muitas maneiras. - Você permite isso?

- Você pode me beijar? -  Eu implorei. - Por favor, eu senti tanto a sua falta. Já se passou muito tempo para continuar esperando um pouco mais.

Os lábios de Becky vieram ainda mais rápido do que o esperado, mordiscando e capturando com extensa ternura, distraidamente pedindo permissão até acariciar os meus com a ponta dos dela. Aquela carícia quase doce aumentou de intensidade quando seus dentes pegaram meu lábio inferior e o tomaram num gesto de completa selvageria.

O fogo que sempre parecia arder constantemente dentro de nós acabou emergindo do lado de fora e queimando ferozmente a pele. Senti o calor de suas coxas embalando meus quadris com uma lentidão completamente torturante, enquanto seu lábio inferior se acomodava entre os meus com a delicadeza de uma borboleta espreitando um casulo. Aquela sugestão cadenciada de deslizar entre seus lábios, para lamber os meus, acabou quebrando completamente minha vontade.

Agarrei com força suas nádegas, pressionando sua pélvis contra a minha, tentando controlar aquele instinto animal que lutava contra a ressaca para poder se expressar em todo o seu esplendor. Agarrei-me à sua carne quente, arrastando as unhas pela pele quase nua das suas coxas para dilacerá-la de alguma forma; Eu queria marcá-la como minha.

- Para. - Ela gemeu quando meus lábios encontraram aquele ponto macio entre seu pescoço e sua clavícula. - Amor, não faça isso comigo.

- Você não quer que eu pare. - balbuciei, mordendo vilmente seu pescoço. - E eu não quero parar. - Agarrei suas nádegas e sem piedade esfreguei seu púbis, fervendo como o próprio inferno contra meu peito. - Por que você me conta mentiras quando estava me pedindo perdão?

- Talvez... - tomei seus lábios num beijo voraz, quase impiedoso. - Desta vez... - agarrei-a violentamente pelo pescoço, obrigando-a a manter os lábios colados aos meus num beijo selvagem que mal continha a torrente de sentimentos que subiam furiosamente. - Não deveríamos nos preocupar tanto com sexo.

Segurei seus lábios com força entre os dentes.

- Mas eu quero. - refutei chupando a língua dela. - Faz muito tempo que não sinto você.

- Deus me dê forças! - Ela implorou aos céus, pegando meus cabelos num claro protesto aos meus beijos erráticos. - Amor, eu quero te conquistar.

- Já te contei que você pode me conquistar pela buceta?

A risada preguiçosa acabou me encantando, me deixando com a boca aberta e olhos tão grandes que se fossem duas lanternas teriam iluminado todo o lugar. Eu só fiquei lá, com a mulher mais gostosa do mundo sentada no meu colo, com os lábios esfregando meu nariz e com os braços jogados sobre meu pescoço.

- Não deveria ser pelo estômago?

- Você já conquistou esse. - murmurei, subindo com doces carícias pelas laterais dela. - Acho que foi a primeira coisa que você roubou de mim. - Não havia mais qualquer indício de calor cativante que ardia entre nós, mas havia algo um pouco mais profundo. - Então você roubou meu coração e no final, meus orgasmos.

- Pare de falar coisas sujas. - Resmungou. - Eu só quero fazer o café da manhã para você e te dar amor até você sentir que todo o meu amor está em você.

O olhar terno e a vulnerabilidade em seus olhos nada mais fizeram do que desarmar cada uma das partes da minha alma, uma por uma. Cada uma das peças que se desfaziam no sentido mais delicioso da palavra, fui amando separadamente, até construir aquele muro intransponível que nos isolava do mundo exterior que queria nos machucar.

- Acreditas em mim? - perguntei com a natural relutância que havia instaurado em mim inúmeras decepções. - Você realmente acredita em mim, BecBec.

- Acredito em você. - Ela respondeu com uma doce carícia. - Eu acredito no seu amor. - Então, seus olhos examinaram os meus e como se eu tivesse uma opção diferente do que apenas olhar para ela ao longe. - Acredito em cada carinho e em cada beijo que você me deu, porque é a coisa mais real que já me aconteceu.

- Mesmo que ela seja uma idiota que só fala bobagens?

Suas mãos seguraram meu rosto e um beijo pousou em meu nariz.

- Você é a minha idiota, Sarocha Chankimha.

O fogo havia se apagado, mas não da pior forma, mas da forma mais terna que já havia sido tecida entre nós. Desta vez vivemos apenas para entrelaçar os braços um no outro, abraçados como se nossas vidas dependessem disso e nos entregando completamente àquela doce necessidade de amar diante de tudo.

Eu a senti, senti seus quadris se moldarem aos meus, as pernas entrelaçadas em uma corrente que parecia completamente impossível de quebrar. Então eu senti seu coração batendo ao lado do meu, num ritmo perfeito e completamente sincronizado; tínhamos chegado a uma cumplicidade em que ninguém mais poderia invadir.

Eu poderia dizer que ela estava quase ronronando quando sua mão se equilibrou ao meu lado e eu me moldei mais ao corpo dela, quebrando qualquer estigma de espaço pessoal que alguém poderia ter.

- Querida. - Ela sussurrou em alguma hora isolada perto do almoço. - Queres ser minha namorada?

- Já sou sua namorada. - refutei com alguma dúvida na voz. - Você me pediu em namoro há algum tempo.

- Mas eu terminei com você. - Ela murmurou tristemente. - E eu... não quero deixar nada para interpretação. - Ela parecia angustiada. - Quero que sejamos realmente nós, em cada regra, em cada lei.

- Mas você também me pediu para esquecer tudo.

- Não quero esquecer. - Ela se recusou a aceitar. - Quero que esta seja a nossa história, complexa e cheia de amor, mas completamente real. - Se eu soubesse que não existe nada mais real do que os olhos dela me olhando com amor, do que os meus completamente entregues. - Quero que cada segundo, cada minuto, cada dia conte, seja bom ou ruim. - Ela suspirou com cuidado, com medo. - É por isso que quero que você me responda, quer ser minha namorada?

O som estridente de alguém invadindo sua casa, em nosso momento.

- Não acho que você seja estúpida o suficiente para acreditar nessas palavras vazias de amor!

𝙎𝙚𝙭𝙩𝙞𝙣𝙜//𝙁𝙧𝙚𝙚𝙣𝙗𝙚𝙘𝙠𝙮Onde histórias criam vida. Descubra agora