Capítulo 14 // Marcos

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   Me levanto da cama pronto para mais um da de trabalho. Depois de tudo pronto, me encaminho para fora do quarto, descendo as escadas rapidamente.

  Consegui dormir minimamente possível, pois confesso que aquele encontro ficou na minha cabeça. Apesar de que no começo foi desastroso.

  Seu rosto alegre enquanto corríamos pelas ruas vem a mente, e eu sorrio involuntariamente. Seus cabelos grudados em sua face. O coração acelerado. Foi um belo desastre.

  Até que sua imagem borra e minha cabeça dói. Apoio meu peso do corpo na lateral da escada e seguro o corrimão com força De novo não murmuro.

  O sorriso de Stella se mescla com o de outra pessoa. Com uma mulher de cabelos cacheados castanhos, que sorri para mim como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo. Embora eu não consiga ver seu rosto com clareza.

  Estou em uma sala espaçosa e aconchegante. Há alguns quadros grandes nela e alguns vasos de plantas. Me parece estranha e familiar ao mesmo tempo.

   Seus dedos passam por entre meus cabelos carinhosamente. A mulher cantarola e parece que eu nunca me senti tão seguro quanto agora. Pare, Marcos me repreendo É só um sonho, nada disso é real.
 
  Ouço passos se aproximando e a mulher se inclina na direção do som. Um homem de terno a beija afetuosamente na testa e ela suspira enquanto sussurra "Ele não é lindo?"  O homem em reposta aperta levemente minha bochecha e sussurra de volta para ela "É lindo igual a você, meu amor".

  Ainda não consigo vislumbrar os rostos com clareza, mas percebo que ele é alto e tem cabelos pretos como meu pai antigamente. Espere tento raciocinar Se ele é meu pai então ela é...

  Volto a realidade ofegante e chocado. Apertei tanto o corrimão da escada que os nós de meus dedos ficaram brancos. Sinto algo molhado escorrer em meu rosto. Passo a mão incrédulo Isso são lágrimas?.

  - Está tudo bem, senhor? - uma das empregadas para na ponta da escada me olhando curiosa. Com a típica encomenda branca com fio vermelho em mãos.
  - Está - respondo virando o rosto evitando que ela me veja - Pode ir - ouço passos apressados se afastando de mim e suspiro.

***

  Está quase na hora do almoço e trabalhei até agora de forma automática. Simplesmente não conseguia me concentrar, minha mente divagava para o ocorrido de manhã cedo.

  Mas isso não faz sentido. Por que de repente eu estou tendo possíveis flashbacks do passado dos quais eu vivi sem todos esses 26 anos?

  - Terra chamando Marcos - Augustus interrompe meus pensamentos me encarando de cenho franzido - Você está parecendo um morto-vivo cara, pelo amor de mim.

  Augustus se aproxima colocando a mão na minha testa.

  - Você não está doente - ele declara e olha para o horizonte como se raciocinando - Mas isso é estranho, você está mais rancinza que o normal... Ai! - dou-lhe um tapão em sua mão e ele reclama se afastando.
  - Desde quando virou médico? - pergunto exasperado - E não ouse colocar suas patas em mim - faço uma careta e ele ri divagando.
  - Estou levando tanto o Amendoim no veterinário que já posso virar um.
  - Está me chamando de cachorro? - exclamo incrédulo.

  Ele para pensando no que eu acabei de dizer e gargalha quando se dá conta. Eu o fuzilo com os olhos e ele para instantaneamente fazendo sinal de rendição com as mãos.

  - Mas enfim - ele começa - O quê houve?
  - Eu acho que vi minha mãe.
  - O quê?! - ele ri - Mas sua mãe está morta - o sorriso some lentamente de seu rosto e ele fica branco - Você está brincando, né?

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