Prólogo

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  De repente, as luzes tremularam juntamente com o elevador.

  Eu e Marcos meu chefe mesquinho de trabalho, cambaleamos ao mesmo tempo em que o elevador parou e as luzes se apagaram.

  Me desesperei batendo as portas emperradas e gritando por ajuda.

  Percebi que meu chefe nada tinha falado ou feito até aquele momento. Virei para trás pensando em dar uma bronca nele e fiquei chocada com o que vi.

  Marcos estava encolhido no chão, no canto do elevador. As mãos segurando a cabeça enquanto hiperventilava.

  Corri até ele e o chamei com preocupação, mas ele não me ouvia. Seus olhos estavam arregalados e paralisados, parecia estar em estado de choque. Como aquele chefe tão ríspido e arrogante poderia estar desse jeito tão... Desnorteado? Nem parecia o mesmo que vive me atormentando desde que cheguei aqui.

  Fiz então o impensável. O abracei delicadamente o puxando para minha direção.

  Passei a mão em movimentos circulares em suas costas e sussurrei:

  - Tudo bem. Vai ficar tudo bem...

  As mãos que agarravam a cabeça agora seguravam a barra da minha blusa com força. Seus ombros começaram a tremer e ele passou a chorar violentamente com soluços desesperados que me faziam partir o coração. O abracei com mais força deixando que ele jogasse tudo para fora.

  Um tempo se passou e agora ele estava mais calmo e respirava normalmente. O cheiro de sua loção masculina em minhas narinas. E sua cabeça encostada em minha clavícula.

  Mas ele ainda segurava com força minha blusa.

  - Chefe?

  Ele se afastou lentamente e pude ver o seu rosto. Olhos vermelhos carregados de profunda dor e cabelos bagunçados.

  - Me desculpe - respondeu envergonhado - Eu... Realmente não sei o que aconteceu.
  - Tudo bem - o confortei - É necessário nos libertarmos da dor quando chega ao seu limite.
  - Você... Você não vai perguntar o que aconteceu?

  Coloquei a mão em seu ombro. A confusão passeava em seus olhos.

  - Isso é uma coisa sua, não tem o por quê eu querer saber. E além disso - sorri - Você é meu chefe. Vai que me enxota daqui.

  Ele deu um sorriso que na mesma rapidez que surgiu desapareceu de seu rosto.

  - Confesso que... Eu fui um babaca com você
  - Verdade - concordei tão rápido que ele se surpreendeu - Ai meu Deus! Não foi isso que eu quis dizer...

  Eu ri. Ele riu. Nós rimos.

  - Bem que eu poderia - respondeu parecendo pensativo enquanto eu xingava a mim mesma por ser tão franca.

  De súbito as luzes se acenderam e a porta começo a se abrir.

  Nos levantamos desajeitadamente e se olhamos. Um olhar longo demais. Aqui nossa história começou. Ou melhor, recomeçou. Pois até então estávamos cegos pelas nossas indiferenças.

  Foi aqui que nossos corações se reconectaram. Mudando nossos caminhos de um modo inimaginável. Iniciando um recomeço, pois o nosso começo não foi tão agradável assim...

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