cap one.

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se você estivesse no fundo do poço, e ngm fosse te ajudar, você tentaria sair do poço ou iria simplesmente desistir?

Eu estava completamente fora de mim, eu odiava esse sentimento de raiva.
- Ta bom mãe, eu sinto muito — as vezes eu não aguentava ouvir os seus sermões de como eu fazia tudo errado — eu vou sair.
- Onde você vai? Sabe, as vezes fico bem curiosa pra saber o'que você faz tanto na rua uma hora dessas. — ela se vira da pia e olha pra mim. Aponto para o skate ao meu lado.
- Relaxa, eu não tô dando não. Maykon, vamo logo!
- Além de tudo leva seu irmão junto? Nessa parte sinto falta do seu pai, em uma hora dessas ele ja teria te colocado na linha.
- Não, ele não teria, sabe por quê? Ele confiava em mim. - olho para o menor parado no corredor, imediatamente parando o que poderia virar uma discussão. - Eu estou levando ele pra casa do coleguinha dele, não tenho hora pra voltar, então provavelmente você tem que buscar ele.

o caminho até a pista estava calmo, estava um clima frio, particularmente o meu favorito. Meu telefone toca; era Maya, minha ex melhor amiga. A falsa teve coragem de falar que eu me drogava pra escola inteira, minha mãe ficou sabendo e me tirou daquela escola.
- fala.
- Finalmente! Eu estava preocupada, Julia.
- Engraçado que você não tava nem ai quando espalhou aquilo pra todo mundo né? Puta.
Eu desligo o telefone, eu não estava nem ai se pra eles eu era uma drogada, não é como se eu quisesse, era meu alívio.
Nem me dou conta e já tô na pista.
- Eai, Julinha! Vem cá, garotona. — Loren, digamos que o que eu confio, ou melhor, o único que sobrou. - Você sumiu da pista, e eu sei que você não tava em casa, onde você tava?
- por ai, relaxa, meu último xanax acabou.
- Você continua com isso? Deixa pra lá, te contei sobre meu amigo que tava viajando e voltou pra cá? O Giela.
ja tinha ouvido falar dele, mas nunca ouvi em si.
- você se parece com ele, dois doidos que são viciados. Giela, cola aqui. — Vejo Loren acenar e logo vejo uma cabeleira meio loira com preto, vai saber. — Essa é a Julia, a garota que eu te falei.
- Então você é a menina que esse idiota nao para de falar um minuto? Dá pra saber do por que agora.
Juro que nao entendi.
- prazer, Giela.
- Olha, nem precisei me apresentar e ela ja conhecia, é o Giela né.
- Na real eu não sabia quem era você até agora, até o Loren falar. — Odeio gente com ego alto.  Loren me olha como um "você sendo você, né?"  Ja o bananeira solta um riso nasal.
- Loren, aprendi uma manobra nova, cola aqui. — digo mudando totalmente o assunto e descendo a rampa. Loren fala algo pro Giela, e logo depois desce.
- Mostra ai, gatinha.
Mostro a tal manobra e quando olho, Giela tá do lado do Loren.
- É, você tá boa, só tem que melhorar no 360°.
- isso foi o melhor que eu consegui, treinei ontem o dia todo, um elogio melhor que " É, você ta boa." seria bom.
- Geralmente você é mais insensível, ta carente?
- Vai se foder, as coisas com a minha mãe só pioram. Maykon tá a cada dia querendo sair de casa, e eu tenho que levar, porque ela não leva.
- Fica tranquila gata, ja disse que você pode ir morar em casa, né?
- Loren, eu não tenho dinheiro nem pra pagar a farmácia, imagine o aluguel e as dispensas da casa.
- sabe que pra você eu faço de graça.
- ai gatinha, acho que você pode morar comigo. — Giela solta na roda, fazendo eu perceber que ele estava ali.
- para de falar, tem algum cigarro ai?
- não, você não vai fumar, Julia. — Loren e o modo protetor me irritam.
- Loren, eu sei o que devo ou não fazer, ja tenho meus 18 anos e você ta ai.
A namorada de Loren o chama, fazendo ele ir até ela.
- me espera ai, eu ja volto.
Giela senta no lugar do Loren.
- toma — ele estende o cigarro.
- por que ta me dando isso? Loren disse que não era pra você dar. — giela olha pra mim e ri.
- sempre faz o que os outros pedem? se é isso que te ajuda, não devia parar.
- mas se o que me ajuda, ao mesmo tempo me faz mal?
- ai você escolhe se quer continuar com dor, mas pelo menos demorar um pouco pra morrer, ou não ter mais dor e morrer mais rápido. Todos os caminhos levam a morte, ninguém escapa.  — finalmente olho diretamente pra ele, percebendo suas tatuagens perfeitamente feitas.
- suas tatuagens são maneiras. — "valeu" é tudo o que recebo, num susurro, logo após vejo ele discar o número de uma tal "vadia gostosa". Posso ter mentido quando não tinha ouvido ele, ja ouvi sim  e sei quem é a vadia gostosa.
- se ela te deixou, por que continua indo atrás dela? Ela que foi, o erro não é seu. — acendo o cigarro em minha mão.
- não disse que não me ouvia? Eu amo ela, foda-se se ela que me deixou, eu quero ela.
- ela te quer?
parece que pego ele de surpresa, porque o mesmo me olhou como uma idiota
- você nunca teve um namorado, não é? — na verdade, eu tinha tido sim, mas prefiro não lembrar.
- tá tão na cara? — ele solta um riso ladino, e ao ver, eu dou um também. — ai, posso te dar um conselho? Se ela voltar, você pode voltar com ela, mas se ela não voltar, não vai atrás. A vida é assim, quem quer te procura. To indo, falou. — salto da rampa, desço e comprimento a namorada do Loren e digo tchau aos dois.

essa é a minha incansável rotina, todo santo dia, e isso me cansa. Pessoas falsas me rodeando, pessoas dizendo o que fazer, brigas, problemas, morte. Por que o mundo tem que ser tão... assim...?

𝔪𝔢𝔯𝔡𝔞𝔰 𝔞𝔠𝔬𝔫𝔱𝔢𝔠𝔢𝔪 /Lilgiela33Onde histórias criam vida. Descubra agora